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Cardiologista da Presidência alerta para risco de infarto e AVC causados por inflamações na gengiva

Redação CM

Redação CM

16 de julho de 2025

Problemas aparentemente simples na gengiva, como sangramento ao escovar os dentes ou mau hálito persistente, podem estar diretamente relacionados a infartos, AVCs e hipertensão arterial. O alerta é do Dr. Ricardo Camarinha, cardiologista, mestre em clínica médica, especialista em terapia intensiva e medicina de aviação, que atuou por quase duas décadas como médico da Presidência da República.

“A saúde da boca está diretamente conectada à saúde do coração. Quando há inflamação na gengiva, como na periodontite, bactérias e toxinas podem entrar na corrente sanguínea e provocar ou agravar processos como a aterosclerose”, explica o médico, que também é tenente-coronel e criador do programa Viva Mais e Melhor. “É um risco real, mas ainda pouco reconhecido.”

Dr. Camarinha destaca que a boca é a segunda região do corpo com maior diversidade microbiana — perde apenas para o intestino. Quando esse equilíbrio é rompido, ocorre o que os médicos chamam de disbiose oral, que gera inflamação persistente e pode afetar todo o sistema cardiovascular.

“Estamos falando de uma inflamação silenciosa. A pessoa pode estar convivendo com sangramento na escovação ou mau hálito sem saber que isso está, pouco a pouco, contribuindo para problemas sérios como pressão alta e infarto”, afirma. “Não adianta tratarmos o coração com tecnologia de ponta e esquecermos de onde a inflamação pode estar partindo.”

O tema ganhou visibilidade quando Ricardo Bueno, ex-vocalista da banda Dominó, foi internado com uma infecção grave originada de um problema dentário. O quadro evoluiu para septicemia e acendeu um alerta sobre a importância da saúde bucal como parte do cuidado integral com o corpo.

“Casos como o do Ricardo mostram que isso não é teoria. É algo que já está acontecendo e que pode ser evitado com medidas simples e preventivas”, pontua Dr. Camarinha.

Segundo ele, o risco de hipertensão arterial pode ser até cinco vezes maior em pessoas com infecções dentárias crônicas. O mesmo vale para doenças como endocardite infecciosa e insuficiência cardíaca.

“Hábitos diários como escovar os dentes corretamente, usar fio dental e visitar o dentista não são apenas cuidados estéticos, são ações de prevenção cardiovascular. A medicina precisa olhar o corpo de forma integrada”, diz.

Para o cardiologista, a alimentação também é um ponto crucial nesse contexto.

“Uma dieta rica em fibras, vegetais e probióticos ajuda a manter o equilíbrio da microbiota oral e intestinal, enquanto os alimentos ultraprocessados favorecem inflamações crônicas. É uma mudança de estilo de vida.”

O médico defende que campanhas públicas de prevenção ao infarto e ao AVC precisam incluir orientações sobre saúde bucal.

“Ainda falamos pouco sobre isso. É preciso reforçar essa conexão na educação em saúde. Um simples sangramento na escovação não pode ser ignorado. Pode ser o corpo avisando que há algo maior acontecendo.”

Por fim, ele propõe uma reflexão direta:

“Quando foi a última vez que você fez uma limpeza no dentista? Seu cardiologista já te perguntou sobre sua gengiva? Se a resposta for não, está na hora de mudar esse olhar. Cuidar do sorriso é também cuidar da vida.”

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