Conexão Magazine

Capa digital | Julia Mendes | Ed. 85

Redação CM

Redação CM

11 de agosto de 2025

Estampando a nova capa da Conexão Magazine, a atriz Julia Mendes, conhecida por seu papel em Mar do Sertão, retorna à televisão na série bíblica Paulo, o Apóstolo da Record. Na nova trama, ela interpreta Adália, uma personagem que enfrenta o dilema de renunciar à fé para proteger sua família. Julia expressa profunda gratidão pela oportunidade de dar vida a uma personagem tão intensa e desafiadora, ressaltando o crescimento profissional que o papel lhe proporcionou.

A série tem gerado grande repercussão, com a atriz notando um aumento de seguidores em suas redes sociais, que demonstram curiosidade para conhecê-la fora da personagem. Esse interesse do público se dá principalmente pelo contraste entre a sofredora Adália e a Julia espontânea de suas redes sociais, onde ela também atua como influenciadora digital.

Com um perfil chamado @jujumecontatudo, Julia compartilha reflexões, humor e sua rotina, criando uma conexão autêntica com o público. Ela afirma que seus vídeos mais populares, que abordam temas como a língua portuguesa, amizade e luto, surgem da espontaneidade e da vontade genuína de se comunicar, algo que ressoa profundamente com seus seguidores. Além de seu trabalho como atriz e influenciadora, Julia já sonha com futuros projetos, como escrever e atuar em uma peça própria e explorar o universo do cinema, sempre com o objetivo de influenciar positivamente as pessoas.

Em entrevista exclusiva, a artista fala sobre a experiência intensa de interpretar a personagem Adália na série Paulo, o Apóstolo. Ela detalha o processo desafiador de se desconectar de um papel tão denso, a dificuldade de gravar uma das cenas mais intensas e como a personagem a ensinou sobre a força da coragem e do amor materno.

Além disso, ela aborda a transição de um gênero como a comédia romântica para o drama bíblico, revelando que é a complexidade da personagem, e não o gênero, que a atrai. A atriz também comenta sobre a recepção do público nas redes sociais, que valoriza o contraste entre sua vida pessoal e a personagem, e compartilha o segredo por trás de sua autenticidade no universo digital. Por fim, ela revela seus maiores sonhos e como eles se conectam ao seu propósito de influenciar as pessoas para o bem através de sua voz e trabalho.

Confira a entrevista completa:

A personagem Adália, em Paulo, o Apóstolo, exige uma carga dramática intensa. Como foi o processo de se desconectar de uma personagem tão forte e sofredora após o fim das gravações?

O trabalho do ator é, essencialmente, esse: mergulhar profundamente, mas também saber voltar. Saber entrar, mas também saber sair. Com personagens tão densos como a Adália, eu tento criar pequenos rituais de despedida, da mesma forma que faço processos de preparação para recebê-los. Senão, a personagem invade a sua vida, e é importante entender que ela precisa ficar na ficção. É claro que fica uma marca, uma memória afetiva do que a gente viveu junto, mas não dá pra carregar a dor dela comigo. Eu sou muito intensa no processo, mas me esforço pra ser leve na saída.

Você menciona que a série a desafiou profundamente como atriz. Qual foi a cena mais difícil de gravar e o que você aprendeu sobre si mesma e sobre sua profissão nesse processo?

A cena mais desafiadora foi, sem dúvidas, a da prisão da Adália com o Timão. Foi uma sequência extremamente intensa, visceral, com muita emoção envolvida, e ao mesmo tempo, super técnica. Tinha dublê, tinha tapa coreografado, marca milimétrica de câmera, tempo exato de reação. E fazer tudo isso sem perder a emoção da cena é um desafio enorme. Ali eu reafirmei o quanto ser atriz exige entrega, mas também precisão. E o quanto é um ofício mesmo, que exige técnica, preparo, e também um domínio emocional muito grande. Aprendi que sou mais forte do que pensava. Porque não é só com a vida que a gente aprende, uma personagem também pode nos ensinar e muito.

Créditos: Nanda Araújo

Adália enfrenta o dilema de renegar a fé para proteger os filhos. De que forma você explorou essa dualidade de amor materno e convicções pessoais para construir a personagem?

Eu sou muito movida pelas perguntas que uma personagem levanta. E no caso da Adália, essa era uma das mais fortes: até onde você iria por amor aos seus filhos? Eu tentei acessar esse lugar de conflito real, onde não existe certo ou errado, onde não há uma escolha fácil. É uma mulher dilacerada entre sua fé e a proteção daqueles que ama. E isso é profundamente humano. A Adália me ensinou sobre coragem e sobre a força do amor materno, mesmo quando ele é colocado à prova de forma brutal.

Após um trabalho em uma novela de comédia romântica como Mar do Sertão, você partiu para um drama bíblico. Como você enxerga essa transição e qual gênero mais a desafia ou a agrada?

Eu amo a transição. Amo sair de um registro e mergulhar em outro. E, sinceramente, o gênero que mais me agrada é o que mais me desafia. Eu sou movida pelo que me tira do lugar comum, pelo que me obriga a acessar novas camadas como atriz. Então, tanto o humor leve de Mar do Sertão quanto o drama intenso de Paulo, o Apóstolo me encantam por razões diferentes. O importante é que a personagem me coloque no jogo. O que me seduz é a complexidade da personagem, não o gênero em si.

Você disse que o público gosta do contraste entre a Adália e a Julia das redes. Como vem sendo o feedback deles? Recebeu alguma mensagem marcante?

Eu recebo mensagens todos os dias, e muitas delas me emocionam. As pessoas falam sobre esse contraste entre a mulher solar, espontânea, leve que aparece nas redes, e a mulher densa, sofredora, entregue que elas veem na tela. E acho que é justamente esse contraste que reforça a minha paixão por ser atriz. Uma das mensagens que mais me tocou foi de uma mulher que disse que, vendo a Adália, ela entendeu a dor da própria mãe. Isso me atravessou. Porque quando a arte toca alguém nesse nível, é sinal de que valeu a pena.

Você também atua como influenciadora digital e mencionou que seus vídeos que viralizam nascem da espontaneidade. Qual o segredo para se manter autêntica e conectada com o público em um universo digital tão saturado?

Ser autêntica é não ter fórmula. É ser fiel, todo dia, a quem você é naquele momento. E isso é um baita desafio no mundo das redes, onde tudo te puxa pra um padrão. Mas eu acredito que o público percebe. Não dá pra enganar. A espontaneidade chama atenção porque está em falta. As pessoas estão cansadas de conteúdo plastificado. Eu tento não me engessar, não entrar em molde, não produzir só por produzir. Meu segredo, se é que tem um, é não me trair. E confiar que quem se identifica com o que eu sou, e com as coisas que falo, vai ficar.

Créditos: Nanda Araújo

Um vídeo sobre luto, um tema muito sensível para você, teve uma grande repercussão. Como surgiu a ideia de compartilhar algo tão íntimo e qual o impacto que essa abertura teve em você e no seu público?

A ideia surgiu de forma muito espontânea. Quando eu perdi minha mãe, foi como se abrisse uma rachadura na minha vida. E como eu sou uma comunicadora, uma influenciadora que preza por mostrar a vida real, as fragilidades, os dias ruins e não só a imagem polida, eu senti que não tinha outra escolha a não ser compartilhar. Eu acredito que quem tem uma voz, tem também uma responsabilidade. E o luto ainda é um grande tabu. As pessoas acham que estão sozinhas na dor, e não estão. Então, poder falar da minha dor e ver que isso transforma, acolhe, apazigua a dor do outro… é forte demais. Sendo quem eu sou, com a maneira como eu me posiciono nas redes, seria impossível não falar sobre isso. É quase uma missão.

Qual o maior sonho de Julia Mendes, a pessoa, e como ele se conecta com o seu propósito de “influenciar para o bem”?

Essa é uma pergunta difícil. Porque eu não acho que a gente seja definido por um único sonho. A vida vai levando a gente pra lugares que a gente nem imaginava. Eu mesma nunca planejei ser influenciadora, e acabei sendo. Hoje, se eu penso na Julia, pessoa física e “jurídica” (rs), meu maior sonho é continuar atingindo cada vez mais pessoas. Eu sei que nasci com esse dom da comunicação. É meu, é natural. Eu não faço esforço. O que eu mais escuto dos meus seguidores é: “Parece que você é minha amiga”. E acho que isso é um baita presente. Tenho vontade, sim, de ter um programa onde eu possa conversar, dividir, acolher. Porque quanto mais a gente influencia para o bem, mais a a gente espalha propósito.

Entre o teatro, o cinema e a televisão, qual destes meios você considera o seu maior sonho a ser realizado e por quê?

Não tenho um só. Eu sou atriz. E atriz ama transitar. Cada meio tem sua magia, seu desafio, sua entrega. O teatro, por exemplo, foi onde tudo começou pra mim. Eu comecei muito nova e sou completamente viciada nessa energia do ao vivo, do aqui e agora, do olho no olho. Mas o meu sonho é justamente poder transitar por todos. Esse frescor de experimentar linguagens diferentes é o que me move. E, no fim, acho que esse também é o sonho de todo ator: poder se reinventar sempre.

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