Cali apresenta seu ‘Pop Brasuca’ e ganha força com “FOME”
Com referências entre Rita Lee e Rosalía, Cali, que estampa a nova capa digital da Conexão Magazine, acende sua própria chama no pop brasileiro. Com “FOME”, a cantora e compositora independente transforma desejo, coragem e brasilidade em som. O single, que já ultrapassa 300 mil visualizações no TikTok, é “um desabafo como artista independente e um grito de guerra”.
Em entrevista à Conexão Magazine, Cali fala sobre suas composições, que abordam o cotidiano sob a perspectiva de uma mulher jovem, brasileira e latina, além da repercussão do lançamento nas redes, que trouxe uma nova leva de fãs, coreografias e até fã-clubes, marcando o início de uma nova fase na carreira de Cali. Confira:
Conexão Magazine – Seu último lançamento “FOME” já ultrapassou 300 mil visualizações no TikTok e tem sido descrita como uma música transcendental. Em que momento da sua trajetória essa canção nasceu e o que ela representa para você como artista independente? Desde quando você está na cena?
CALI – Essa canção nasceu num momento de fragilidade, angústia e dúvidas, em que me perguntei se ganhar a vida como cantora e, consequentemente, me tornar uma figura pública, era mesmo o que eu queria. “FOME” foi uma resposta a esse sentimento. Falei para mim mesma na letra: é preciso “coragem pra sonhar um sonho grande”, você é “intuitiva e forte como um touro”, sua intuição foi o que te guiou até aqui: confie nela. Estou na cena desde 2018, mas nunca tinha feito uma música que representasse tanto a trajetória do artista independente, que atravessa o medo, mas também o amor e a perseverança.
CM – Você descreve “FOME” como um “grito de guerra”. Que tipo de “fome” move a Cali (artística, emocional ou existencialmente)?
C – Quando estou fazendo música – cantando, criando, gravando ou compondo – acontece uma coisa curiosa: fico sem fome, literalmente. É como se fazer isso me alimentasse, porque entro num estado de presença maravilhoso, me sinto completa. Tenho fome de me expressar, de existir no mundo, e faço isso através da arte e da conexão com outras pessoas.
CM – O conceito de “Pop Brasuca” é uma mistura muito interessante que você define seu som. Como surgiu essa identidade sonora e o que ela diz sobre quem você é como artista brasileira e latina?
C – Essa identidade sonora começa a surgir pelos meus 8 anos, desde que tomei gosto pela escrita: minha linguagem sempre foi popular, não gosto de falar difícil. Quando criança, minha família ouvia muita música brasileira, desde MPB e bossa nova a samba e rock. Já durante a adolescência, ouvi muito pop internacional, como Miley Cyrus, e isso intensificou minha estética pop, mas não me americanizou: minhas raízes são fincadas no Brasil, então meus frutos têm esse gosto brasuca rs. Sou apaixonada pela nossa cultura e de toda a América Latina.
CM – Você cita influências que vão de Rita Lee e Tom Jobim a Rosalía e FKA Twigs. Como essas referências — tão diversas — se traduzem na sua música e estética hoje?
C – A diversidade faz parte da minha essência pessoal e artística: na segunda-feira tô na batalha de rap, na quarta no rolê de rock e no fim de semana canto MPB no barzinho e almoço ouvindo samba na casa do meu pai. Círculo feliz por todos os ambientes em que me sinto livre.
Como musicista, minha pesquisa passa por Rita, Rosalía e muitas outras expressões para resultar numa sonoridade que conecta a tradição e o calor de ritmos latinos, como a MPB, o funk e a bachata, com a modernidade pop, presente nas minhas composições, escolha de instrumentais e estética visual.

CM – Além da música, a dança e a moda também são partes fortes da sua expressão artística. De que forma esses elementos dialogam com o som e com a mensagem que você quer passar ao público?
C – A dança e a moda reforçam aquilo que quero transmitir ao público. Para fazer um show ou um videoclipe, por exemplo, escolho a cor e a textura das minhas roupas baseadas na mensagem que quero passar naquele momento. O figurino é importante pra mim, me sinto mais forte com as roupas certas.
Já a dança é menos pensada e mais sentida. Cantar é um ato que se realiza com todo o corpo, é impossível desconectar uma coisa da outra e a dança, muitas vezes, vem junto com a voz.
CM – Que temas e sentimentos você mais quis explorar nessa nova fase do álbum “Trama”? O que o público que gostou de “FOME” pode aguardar?
C – Venho falando sobre liberdade e paixões há um tempo, mas nesse álbum também dei lugar a temas inéditos que têm me atravessado, como ancestralidade, raiva, fé e êxtase total. Quem gostou de FOME vai se deliciar com a sonoridade, os vocais e a vibe transcendental e moderna das outras faixas do álbum.
Sobre a artista:
Natural de Porto Ferreira (SP), a cantora e compositora CALI, de 26 anos, atua na cena musical independente desde 2017, unindo influências da música latina, do afrobeat, do pop e da MPB. Além da música, traz referências da dança e da moda, elementos que atravessam sua estética artística. Já colaborou com nomes como o rapper Inglês, na faixa “Retrato”, e o cantor Kafé, com quem lançou “Sozinha” — canção que ultrapassou 100 mil plays no Spotify. Também tem uma parceria internacional com o artista português André Regalias, em “SJP”.
Por trás do nome artístico está Carolina Barcellos Pavão, que escreve desde a infância e encontrou na música um meio de expressar suas raízes e referências culturais. Admiradora de artistas como Miley Cyrus, Rosalía e dos nomes da Tropicália, CALI desenvolveu um som que mescla tradição e inovação. Já se apresentou em eventos como a Virada Cultural ferreirense (2023) e o Bloco da Vaquinha (2025), e encerra sua formação em Música pela UNICAMP com o show “Entrelaçada”, avaliado com nota máxima. Em 2025, lança seu primeiro álbum, “TRAMA”, produzido por Kafé.
Ouça a artista no Spotify:




































