Dona de uma voz marcante e de uma presença artística que transita entre a força e a delicadeza, Dora Sanches, que estampa a nova capa digital da Conexão Magazine, inaugura uma nova fase com o single “Mentiras”, já disponível em todas as plataformas digitais. A faixa, que antecipa o álbum de estreia “Seda de Casulo” (previsto para 2026), marca o início de um processo de metamorfose pessoal e criativa, no qual Dora transforma suas dores, desilusões e descobertas em música. Com uma sonoridade que mistura MPB, Soul e R&B, a artista revela uma versão mais madura e consciente de si, pronta para cantar verdades, mesmo as que doem.
Em entrevista exclusiva à Conexão Magazine, Dora fala sobre a coragem de tomar as rédeas da própria carreira, o desafio de se afirmar em um meio ainda tão masculino e o processo de transformar vulnerabilidade em força. Com sensibilidade e lucidez, ela reflete sobre as mentiras que precisou reconhecer, nas outras pessoas e em si mesma, para enfim cantar a verdade que hoje habita suas músicas. Dora compartilha também detalhes sobre a criação de “Mentiras”, a parceria com seus colaboradores e o conceito que orienta o vindouro “Seda de Casulo”, um trabalho que costura dor e renascimento com sutileza.
Entre introspecção e autoconfiança, ela se afirma como uma artista completa, cantora, compositora e produtora, que entende a música como ferramenta de cura e transformação. Em cada verso, há um convite para que o ouvinte também se desfaça das próprias ilusões e encontre, no som, um espaço de verdade. Confira o bate papo exclusivo:
Conexão Magazine: Como está sendo para você ver o single “Mentiras” nas plataformas digitais e disponível para o mundo? O que esse passo significa na sua carreira?
Dora: Eu ando muito feliz que a primeira música do meu primeiro álbum já está no mundo, e mais feliz ainda com como ela vem reverberando nas pessoas. É muito louco lembrar que há poucos meses atrás eu estava gravando em estúdio e hoje já está aí. Pra mim esse lançamento é um sinônimo de força. Mentiras é o primeiro vislumbre de um álbum lindo e emocionante que está por vir, agora que tomei as rédeas da minha carreira.
CM: Você fala sobre transformar vulnerabilidade em força. Na prática, como é esse processo criativo de lapidar a dor até ela se tornar arte, existe um momento em que a ferida deixa de doer e passa a inspirar?
D: Eu acredito que a música é uma forma de terapia que nós humanos temos para usufruir, a composição também entra nesse lugar terapêutico. Enquanto crio uma nova melodia e dou a elas novas palavras, durante esse processo todo estou em contato com aquilo que me molda, me machuca, alegra ou entristece. Nesse instante a vulnerabilidade é a ponte em que a experiência pessoal e o mundo de experiências de outras pessoas se conectam.
E o ato de cantar essa dor e sofrimento, repetidas vezes, vai colocando uma gaze no coração e nos ajudando a seguir em frente ou realocar aquela emoção.
CM: “Mentiras” marca o início de uma nova fase da sua carreira e também parece um ato de libertação pessoal. Que tipo de mentiras você precisou reconhecer, em si mesma e no entorno, para chegar até essa verdade que agora canta?
D: Em minha carreira passei por muitas situações que me fizeram acordar para as mentiras que nos contam, houveram muitas tentativas de me moldar para caber em uma forma congelada que traria sucesso. A primeira mentira para a qual acordei me mostrou que eu sou uma humana incapaz de ser moldada, e que posso usar minha voz para ser muitas outras versões que afloram de mim, e daí parte a ideia do álbum representar uma dolorosa e bela metamorfose. Já a música nasce de uma indignação ao me ver em uma relação repleta de enganações e tentativas de desvio dos conflitos, aí foi que surgiu a ideia da canção.
CM: A sonoridade de “Mentiras” mistura MPB, Soul e R&B com uma leve ironia nas entrelinhas. Como você chegou nesse som?
D: A ironia sempre fez parte de mim, uma vez criança no colégio, uma professora me disse “nossa, você é irônica né?”, eu nem sabia o que isso significava na época, mas acabei gostando. E o MPB Soul como costumo chamar, vem das eternas buscas musicais que passeiam pelas brasilidades e a Black music Brasil afora.
CM: Seu álbum Seda de Casulo, previsto para 2026, tem um título que sugere metamorfose. Que camadas você sente que está deixando para trás, e o que está emergindo desse casulo agora?
D: Deixei para trás as camadas de uma jovem menina na indústria da música, com suas tantas inseguranças e medos. E emerge agora uma passarinha, ansiosa pra cantar suas melodias por aí, uma mulher mais segura de si e repleta de curiosidades sobre o mundo.
CM: Em um meio ainda tão masculino, você fala sobre usar a música como instrumento de verdade e libertação. Como tem sido ocupar esse espaço com a sua própria voz, sendo artista, compositora e produtora do próprio trabalho?
D: Tem sido extremamente empolgante e desafiador ser mulher nesse espaço tão masculino,é certo que existem muitos empecilhos, mas vejo que o feminino tem tanto a acrescentar hoje no mundo, com suas dores, indignações, sonhos, esperanças. Sinto que o mundo anseia por essa força de delicadeza e estou animada em ocupar esse espaço como mulher.

CM: A faixa foi composta em parceria com Marcos Paulo Freire, Rodrigo Malize e Cleyson Victor. Como foi o diálogo criativo com eles nesse processo tão íntimo e confessional?
D: É sempre muito bom me juntar com eles para escrever, a gente começa com uma boa e longa conversa, que muitas vezes vira um confessional de histórias. Existe uma conexão muito especial que acontece quando se juntam pessoas com as mesmas paixões, ouvimos muitas músicas e especialmente, antes de compor, falamos muito…e eu, assim como eles, estou sempre aberta para falar dos meus problemas com quem confio.
CM: Você tem uma trajetória que une força empreendedora e sensibilidade artística, em que dirige sua própria carreira e criou seu selo e editora. O que te motivou a assumir as rédeas do seu projeto de forma tão independente?
D: Senti que ninguém no mercado estaria disposto a me estender a mão e apostar nesse projeto tanto quanto eu. Planejo futuramente ter parceiros, mas agora o meu desejo é aprender ao máximo sobre esse mercado no qual acabei inserida por que amo a música. Quero ter autonomia no futuro e entender desse meio musical tão burocrático como artístico.
CM: Se “Mentiras” é o primeiro passo dessa nova caminhada, que verdade você gostaria que o público levasse consigo depois de ouvir essa música e, mais adiante, o álbum Seda de Casulo?
D: Gostaria que as pessoas que ouvirem o Seda de Casulo possam usar dessas músicas para se conectar com suas próprias verdades, sejam elas verdades divertidas, de novos sonhos e desejos, ou verdades que as confrontem. Afinal, a música é um instrumento e que bom que temos ela.




































