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Abrindo portas para brasileiras pretas em Hollywood, Josanna Vaz se consagra em carreira internacional

Redação RJ

Redação RJ

2 de julho de 2024

Créditos: Alex Korolkovas

Brilhando em “Música”, longa do Prime Vídeo com Rudy Mancuso e Camila Mendes, a atriz rompeu as barreiras do racismo e da xenofobia e agora, 10 anos depois, planeja voltar ao Brasil com “Riven” peça aclamada pela crítica sobre mulheres catadoras de lixo

Abrindo as portas de Hollywood, Josanna Vaz é uma das primeiras brasileiras pretas a estrelar um filme americano. A atriz está em “Musica”, superprodução do Prime Video com Rudy Mancuso e Camila Mendes, que estreou em 2024. Há 11 anos no exterior com carreira consolidada no teatro, Josanna planeja voltar ao Brasil trazendo seu espetáculo “Riven” (em português, Ruptura), sucesso de críticas em Nova York sob direção de Marina Zurita, narrando a história de mulheres catadoras de lixo.

“Todas as portas que eu abrir vou deixar escancaradas, principalmente para minhas irmãs de corpos fora do padrão, retintos e transgêneros”, afirma a atriz sobre sua trajetória disruptiva internacional.

Mudando-se para Nova York em 2013 para estudar com Ron Stetson, mesmo professor de ícones como Viola Davis, as bases da arte de Josanna são brasileiras. A atriz mineira integrou o grupo Nós do Morro, formou-se em artes cênicas na UFMG e estrelou trabalhos como o longa “Cinco Vezes Favela – Agora Por Nós Mesmos” e a série “Mais Vezes Favela”, no Multishow, ambos sob produção de Cacá Diegues, que chamava Josanna de “A Sophia Loren brasileira”. Além das novelas “Ribeirão do Tempo” e “Os Mutantes”, ambas da Record.

A busca por papéis desafiadores atravessou a fronteira do país – Em uma conversa com a renomada diretora Gandja Monteiro, Josanna recebeu o conselho para explorar seu talento em outras facetas. “No Brasil de 10 anos atrás, pessoas pretas só recebiam personagens estereotipados e secundários. Movida pela vontade de experienciar outros papéis e me sentir desafiada pelas minhas personagens, resolvi ouvir Gandja e fui para Nova York”, conta.

“No Brasil, raça é classe social e negros não tinham recursos para viajar” – A atriz conta que achavam que ela era dominicana, porque não sabiam que havia negros no Brasil. Mas apesar da liberdade da atuação americana, ela afirma que a migração não foi fácil e que sentiu os ataques do racismo e da xenofobia. 

“Estou em constante processo de cura. Exploro meus traumas e aprendo a seguir em frente. Me lembro todos os dias que meus ancestrais viveram as angústias que viveram para que eu pudesse brilhar em toda minha essência. Então meu caminho é honrá-los, e fazer o melhor para me ver com toda minha luz.”

O calor do samba em Nova York – Além da atuação, Josanna integra como voz e efeito o “Samba das Carolinas”, grupo de samba feminino que toca músicas da autora Carolina Maria de Jesus e outras compositoras do Brasil. O projeto partiu de um convite de Priscila Santana, maestrina e compositora. 

Uma das primeiras atrizes brasileiras pretas em um set hollywoodiano – O feito se deu em “Musica”, filme de Rudy Mancuso e Camila Mendes, disponível no Prime Video. Na obra, Josanna vive uma brasileira e, seguindo a sinestesia do protagonista, canta suas falas em ritmo de maracatu. A canção da cena está disponível no spotify com a voz da atriz.

“Riven” e o retorno ao Brasil – “Ruptura”, nome do espetáculo em português, é baseado em relatos colhidos pela diretora Marina Zurita na cooperativa Filadélfia, em São Paulo, contando a história de mulheres catadoras de lixo. A obra é colaborativa e foi criada por Marina, Josanna e Laila Garroni. Foi contemplada com o edital NYC Women’s Fund, um dos mais importantes de Nova York em artes.

Aclamada pela crítica, a peça realizada inteiramente por brasileiras ganhou um artigo na American Theatre, uma das publicações de teatro mais importantes dos Estados Unidos, falando sobre a beleza e importância do espetáculo na cena atual. Na publicação, Josanna foi mencionada como “uma potência na atuação, transbordando diferentes emoções”.

O objetivo agora é apresentar a peça no Brasil. “Quero muito dividir minhas experiências e tudo que aprendi com os meus. E o Brasil tem esse poder de ser ninho, de curar, abraçar e receber”, afirma.  Além disso, a artista menciona o projeto de performance “Contos”, ainda em processo de criação, a pré-produção da peça “Cariño Malo” com a atriz Liliana Castro e o clipe da música “Curandeira” do cantor MC Maniphes sob direção de Livia Sá, que deverá ser lançado até o fim de 2024. Chegando ao segundo semestre, o ano ainda reserva grandes projetos para Josanna.

Josanna Vaz nas redes

https://www.instagram.com/josannavaz

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