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Capa Digital | Arthur Pains – Ed. 35

Redação CM

Redação CM

30 de agosto de 2024

Foto de Capa: Rodrigo Portugal | @rodrigo__portugal

O cantor Arthur Pains estampa a nossa nova capa digital, que chega com entrevista exclusiva já disponível em nosso site. Ele estreou recentemente seu novo álbum de estúdio, “Selvagem. O trabalho já pode ser ouvido em todas as plataformas de streaming de música e conta com audiovisuais disponíveis no YouTube do artista. 

“Selvagem” explora a busca incessante por identidade e pertencimento de um menino do interior que se vê imerso à agitação da vida urbana. O álbum percorre por temas de amor, amizade, e a complexidade de se perder e se reencontrar em busca de si mesmo. 

Composto por 11 faixas autorais que integram o projeto, elas também abordam raiva e trazem críticas à sociedade e à modernidade líquida e cada música é um capítulo dessa história que completa a narrativa do disco. O processo de composição começou em 2019, com algumas músicas previamente lançadas em seu EP “Savanna”, que agora somam-se ao “Selvagem”, resultando na história completa no novo álbum

Para saber todos os detalhes deste novo projeto, confira uma entrevista exclusiva com o artista:

O que te inspirou a criar o álbum “Selvagem” e como ele reflete sua trajetória pessoal ou como artista?

SELVAGEM surgiu da necessidade de me expressar. Eu estava enfrentando o término de um relacionamento de 4 anos e precisava falar várias coisas que não conseguia falar apenas com palavras. No processo do término acabei percebendo que me perdi bastante durante o relacionamento e o SELVAGEM é sobre esse reencontro, encontrar partes minhas que foram deixadas para trás.

O álbum explora temas de identidade, crescimento e reencontro. Como foi compor sobre esses temas?

Algumas músicas foram feitas após reflexões de sessões de terapia, outras surgiram após novas situações que aconteciam na minha vida. Quis escrever um álbum que refletisse meu crescimento pessoal, a experiência de encontrar e perder o amor e de me reencontrar depois dele, mas no meio disso também quis pontuar coisas que não são apenas sobre relacionamentos, mas sobre minha visão sobre o mundo. 

Créditos:  Rodrigo Portugal | @rodrigo__portugal

“Selvagem” também traz críticas à sociedade e à modernidade líquida. Pode nos falar mais sobre como essas questões aparecem nas músicas?

Começo o álbum com “Monarquia” que é uma reflexão sobre o mundo digital e como algumas coisas são feitas apenas para gerar engajamento e ‘likes”, sem importar muito como nos sentimos de verdade, fingir uma vida perfeita nas redes sociais. Quando escrevi “Selva de Pedra”, a faixa 4 do álbum, estava cansado de festas e bebidas, era tudo tão vazio, queria conexões reais, mas quando você é jovem as coisas não parecem tão profundas, pra mim sempre fui um pouco diferente, me sentia deslocado, nem sempre fazia sentido pra mim, mas estava lá porque era sobre ser jovem e “cool”, a música é bem irônica nesse sentido, eu afirmo que estava seduzido por aquela vida noturna, mas no fundo eu queria algo a mais e o desenvolvimento do álbum deixa claro isso. 

O processo de composição começou em 2019. Como foi a evolução do álbum desde as primeiras músicas até a conclusão final?

No início eu não queria escrever um álbum sobre amor, não queria que meus relacionamentos tomassem os holofotes daquela história, mas algumas músicas foram surgindo, Selvagem (a faixa título) foi a música que mudou tudo, a partir dela vi que não era possível contar minha história sem contar também sobre esses relacionamentos, eles me fizeram ser quem eu sou, então é natural que eles estejam no álbum e não tem nada de errado ou vergonhoso em ter o coração partido. No fim acho que Selvagem também é um álbum sobre raiva, o próprio nome diz um pouco sobre isso, eu estava cansado de ser o garoto quieto, que aceitava tudo como era, precisava quebrar as correntes e contar minha própria história, me libertar.

Musicalmente, o álbum mistura pop com elementos de pop rock, trap, eletrônica e blues. Como você decidiu sobre essa variedade de estilos?

Busquei fazer um álbum que funcionasse bem no mercado nacional. Foi um processo, me encontrar musicalmente e nesse caminho acabei explorando vários sons diferentes, mas foi uma preocupação minha fazer com que tudo fosse coeso e funcionasse bem para justificar estarem num mesmo álbum e viajando por diferentes estilos, acho que é importante para um primeiro álbum. Funciona como um termômetro para ver qual estilo funciona melhor e talvez me guiar para os próximos projetos. Quis colocar bastante guitarra para simbolizar um pouco de rebeldia e ela é o instrumento principal do álbum e conecta todas as músicas. No geral, é um álbum sobre me descobrir e acho que isso reflete nessa variedade de estilos, estava me descobrindo artisticamente nesse processo também.

Créditos:  Rodrigo Portugal | @rodrigo__portugal

O aspecto visual do álbum parece ser muito importante para você. Como os videoclipes ajudam a contar a história de “Selvagem”?

Eu gosto da ideia de criar mundos e contar histórias. No início foi uma forma de me expressar e contar sobre situações nas entrelinhas, sem afetar as pessoas que viveram essa história comigo. Criei quase uma mitologia nesse processo, com personagens próprios e precisava trabalhar bem o audiovisual para que as pessoas se conectassem com esse universo, queria que elas se sentissem nesse mundo e os clipes ajudam nessa conexão. Alguns clipes são mais estéticos, como o de “Royal Mane” e “Nasty Roar”, outros tem roteiros mais elaborados como o de “Dente de Leão” e o de “Selvagem”. Ouvindo o álbum você consegue imaginar a história que estou contando, mas os clipes me permitem direcionar melhor a imaginação do público. 

O clipe da faixa-título “Selvagem” foi o maior que você já fez. Como foi o processo de gravação e qual foi o impacto desse clipe no projeto como um todo?

Esse clipe é o principal para mim, sabia que por ser o clipe da faixa-título precisava fazer algo grande. Investimos bastante em cenários e figurino, maquiagem, quis reunir todos os elementos do álbum em um clipe só. Fui contemplado por uma Lei de incentivo à cultura com foco no audiovisual, a Lei Paulo Gustavo e finalmente tive orçamento para dar vida ao universo do álbum de forma visual também, me agarrei a essa oportunidade para fazer o meu melhor. Foi o clipe que tive mais equipe até aqui, foram 22 horas de gravação divididas em dois dias. Quem assiste esse clipe entende bem a mensagem principal, mas é legal que vejam os outros para completá-la. 

Agora que o álbum está disponível ao público, qual é a mensagem que você espera que as pessoas recebam com este trabalho?

Espero que as pessoas se conectem. Quando estou compondo, as músicas são sobre mim, mas a partir do momento que elas vão para o mundo, elas são de todos, cada um vai ouvir e conectar elas com suas próprias vivências, acho isso muito legal. Quero que as pessoas saibam que elas não são as únicas que se sentem perdidas as vezes e que ta tudo bem, elas podem encontrar novos caminhos, se perderem outra vez e se reencontrarem inúmeras vezes, a vida não é estática e isso é o mais incrível. Quero construir uma comunidade com os fãs, uma “Alcateia”, como canto na faixa 3, onde eles possam se sentirem acolhidos.

Quais são os próximos passos para você após o lançamento de “Selvagem”?

Eu já estou escrevendo novas músicas e no processo do meu próximo EP/álbum, mas quero finalizar esse ano focando no SELVAGEM. Temos algumas cartas na manga ainda, tem músicas que foram deixadas de fora num primeiro momento que podem entrar numa versão deluxe e estamos produzindo um mini-documentário com imagens das gravações do álbum e dos clipes. Também penso em lançar pelo menos mais um clipe para a era SELVAGEM, tem muita coisa legal vindo.

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