Tem sido comum, atualmente, ver homens e mulheres – principalmente os homens – aderirem ao chamado “transplante capilar”. Uma técnica que promete devolver os fios de maneira natural e, muitas vezes, imperceptível.
De acordo com o Relatório da Global Market Insight, os homens são os que mais buscam pelo procedimento, representando mais de 79% do mercado de transplante capilar em 2022. Até porque, são os principais afetados pela calvície, ou alopecia androgenética.
Com a popularidade em alta, o transplante capilar também ganhou espaço no cenário esportivo, especialmente no futebol.
Entre os nomes mais famosos do futebol brasileiro que aderiram ao transplante capilar, estão o meio-campista Everton Ribeiro (Bahia e Seleção Brasileira) que realizou o transplante em julho do ano passado, o ex-jogador Edmundo (Vasco e Seleção Brasileira), o ex-goleiro Fernando Prass (Palmeiras), o ex-jogador Cafu (São Paulo e Seleção Brasileira), e o ex-jogador Rivaldo (Barcelona e Seleção Brasileira).
Entre os mais famosos nomes do futebol mundial, realizaram também o transplante, o goleiro Ter Stegen (Barcelona e Seleção Alemã), Jordi Alba (Inter Miami e Seleção Espanhola), o ex-goleiro Iker Casillas (Real Madrid e Seleção Espanhola), Harry Kane (Bayern de Munique e Seleção Inglesa), Pjanic (Sharjah e Seleção Bósnia), o ex-jogador David Silva (Manchester City e Seleção Espanhola), o ex-jogador Wayne Rooney (Manchester United e Seleção Inglesa), o ex-jogador alemão e atualmente técnico Jürgen Klopp (comanda o Liverpool), e o ex-jogador David Beckham (Real Madrid e Seleção Inglesa).
O transplante capilar vai para além do futebol no mundo dos esportes, ele alcançou também atletas de diferentes modalidades, como o escocês Tim Visser (Rugby) que realizou o transplante em dezembro de 2022, o norte-americano Lebron James (Basquete), o britânico Lewis Hamilton e o ex-piloto alemão Sebastian Vettel (fórmula 1), o espanhol Rafael Nadal (Tênis), o ex-lutador britânico George Groves (boxe), o ex-ginasta brasileiro Diego Hypólito que fez o transplante em março de 2022 e Arthur Zanneti (ginástica olímpica), o ex-jogador brasileiro Falcão (Futsal), e a brasileira Gabi Guimarães (vôlei feminino) que fez no ano de 2021 e postou os resultados do procedimento em seu Instagram em agosto do ano passado.
Vincent Aboubakar, Tim Visser e Lebron James respectivamente – Foto: Reprodução/Instagram
Estes são alguns dos muitos atletas que revelaram ter feito o transplante capilar. Embora muitos declararam publicamente que realizaram a técnica, outros não assumiram que a fizeram, como é o caso recente do jogador que foi oferecido ao Corinthians, Vincent Aboubakar, que foi assunto na imprensa esportiva em dezembro de 2023 por uma polêmica curiosa envolvendo o transplante capilar.
O atacante camaronês, do Besiktas (Turquia), que inclusive marcou o gol da vitória contra o Brasil na Copa do Mundo de 2022, um dos nomes mais importantes do elenco da Seleção Camaronesa, foi acusado de mentir para a diretoria do seu clube para realizar o transplante capilar.
Na última Data Fifa, Aboubakar pediu liberação do Besiktas para viajar a Camarões para cuidar de sua mulher, que de acordo com ele, estava doente. Porém, segundo o jornal turco Fanatik, o jogador estava mentindo. Ele viajou para o seu país e depois foi à França, em Paris, para realizar um transplante capilar, contra a calvície.
Após o procedimento, ao retornar às atividades no clube, ele estava ciente das limitações e cuidados pós-operatório, e que não poderia cabecear bolas por pelo menos um mês, segundo ordens médicas. Para não jogar e correr algum risco, ele informou ao Besiktas que havia sofrido uma lesão, o impossibilitando de treinar.
Segundo as informações do site turco, a desculpa da lesão, no entanto, teria sido descoberta pela direção do Besiktas após Aboubakar ter retornado mais duas vezes à capital francesa para dar prosseguimento a avaliação do seu transplante. O clube, portanto, puniu duramente o atacante. Após a derrota do clube para o rival Fenerbahçe, ele e outros quatro jogadores foram excluídos do elenco principal. Em comunicado, o Besiktas alegou que o grupo de atletas foi afastado pelas “más exibições e incompatibilidade com a equipe”.
O jogador quebrou o silêncio pelas redes sociais, para negar as acusações. Segundo Aboubakar, o clube, inclusive, reviu a situação e já confirmou que ele seria reintegrado ao grupo. “Vamos parar com essas acusações de m… imediatamente. Eu não fiz nenhum tratamento capilar durante a temporada, eu o realizei após o final da última temporada, e antes do início da atual pré-temporada. Por favor, parem com as acusações falsas e me deixem fazer o meu trabalho”, escreveu o jogador em comunicado.
De acordo com a imprensa turca, o centroavante seguirá no Besiktas, onde ele tem contrato até junho de 2025. Ele e o Clube turco, no mês passado, teriam chegado a um acordo após o desentendimento, e Aboubakar foi reintegrado ao elenco do time europeu. Ele só não voltará agora aos trabalhos, pois se recupera de uma lesão. Essa decisão foi resolvida após uma conversa do jogador com o treinador português Fernando Santos.
Conversamos com especialistas da área para entendermos melhor se há alguma relação da queda de cabelo com as atividades intensivas dos atletas, se há também diferença na operação do transplante quando se trata de profissionais da área do esporte, e como eles podem tratar da queda de cabelo dentro de suas rotinas.
Segundo Gabriel Bortolazi, sócio da clínica Spazio Hair e especialista capilar, casos específicos de quedas de cabelo em atletas podem ocorrer, principalmente, devido ao estresse corporal pelo excesso de desgaste físico. Nestes casos, a queda hormonal de origem genética não é levada muito em consideração, apesar de ser também afetada pelo esforço excessivo.
“Em treinos excessivos no pré planejamento de competições, o estresse, o esgotamento físico e a falta de um sono reparador, colaboram para o eflúvio telógeno do paciente, um tipo de queda que é reversível, e o tratamento exige um acompanhamento multidisciplinar com o atleta.”, alerta o especialista.
No processo da operação de transplante capilar em atletas, deve-se ter mais atenção e cuidados que o normal. “O transplante para atletas possui a mesma eficácia e planejamento que em pessoas comuns. A diferença maior é na parte da tricologia, grande parte dos pacientes atletas possuem uma intensa rotina de treino, e no pós operatório essa rotina precisa ser dosada, pois o exercício físico intenso só é permitido depois de 7 dias, e em alguns casos somente depois de 30 dias, como foi a situação do jogador em questão, Aboubakar.”, comenta o profissional da saúde.
“Além disso, dependendo da modalidade do atleta, eles podem fazer uso de reposição hormonal, o que precisa ser analisado com cautela entre o cirurgião do transplante e a equipe médica que acompanha o atleta, para que essa reposição não intensifique a queda capilar e também não afete o rendimento do jogador.”, recomenda Gabriel Bortolazi.
Em questão da pós-operação, o profissional da saúde afirma ser um período que requer atenção e repouso, mas declara ser um processo bem sossegado, sem muitas sequelas. “A cirurgia do transplante capilar possui um pós-operatório muito tranquilo, a maioria dos pacientes podem voltar às atividades normais por volta de 2 a 4 dias depois do procedimento. A preocupação do atleta nos primeiros 10 a 30 dias é caso o esporte envolver o contato da área receptora (que recebeu o transplante), no caso, em esportes que envolvem uma intensidade maior, para não correr nenhum risco.”, alerta o médico.
Portanto, o atleta não deve temer ao pós-operatório, pois o transplante não afetará seu desempenho profissional. “Após o dia do procedimento, o atleta se sentirá melhor fisicamente. E o transplante não afetará no rendimento nem no desempenho em jogos e competições que o atleta competir futuramente. O dinamismo e execução das atividades serão as mesmas.”, diz o especialista.
Além de haver uma preocupação e ansiedade da parte dos jogadores, os técnicos, a equipe e os preparadores físicos também anseiam pela volta de suas estrelas no time. Visto que, a volta nunca é tão fácil e rápida, sempre há um processo mais árduo para o retorno 100% do atleta. Para isso, Bortolazi diz ter uma solução para uma recuperação mais rápida e eficaz.
“A própria técnica FUE, por ser fio a fio, já acelera a recuperação e a cicatrização. Em nossa clínica, por exemplo, temos o método Regenerativo, em que utilizamos diversos protocolos da tricologia que possibilitam acelerar ainda mais o processo de cicatrização do atleta. Métodos que envolvem modulação genética das células com biotecnologia de células troncos, regeneração das células do couro cabeludo utilizando as próprias células do paciente e também nanotecnologia que utiliza o sangue do paciente para obter concentração de fatores de crescimento para o estímulo de produção celular.”, detalha o especialista.
Estudos comprovam que a queda de cabelo diminui a autoestima e a autoconfiança de quem a vivencia. “Vale ressaltar que, o transplante capilar, além de ajudar na autoestima, também pode trazer um rendimento melhor à vida profissional dos atletas. Devido a exposição constante do jogador a mídia, a calvície pode facilmente afetar o desempenho e a autoconfiança do atleta, prejudicando seu desempenho em jogos. Além de que, qualquer resquício de insegurança e negatividade pode ser um fator determinante no resultado de uma competição.”, pontua o sócio da clínica.
A mudança no estilo de vida e rotina é uma das principais formas naturais de combater a queda de cabelo. “A adesão da suplementação, o hábito de lavar o cabelo frequentemente, a troca do banho quente por banho morno ou gelado, o consumo de alimentos ricos em agentes antioxidantes, a rotina de hábitos e atividades relaxantes, a disciplina do sono regulado estão entre as mudanças necessárias.”, conclui o profissional.