Novos talentos surgem diariamente na cena musical brasileira, trazendo frescor, identidade e novas formas de interpretar a nossa cultura. A nova MPB, que já conta com nomes consolidados, continua a se reinventar e é nesse cenário efervescente que desponta PECI, artista curitibano de 23 anos que aposta em um pop com alma brasileira e autenticidade como marca registrada.
Durante a quarentena, a música se tornou sua principal companhia e inspiração. Agora, PECI transforma esse período em impulso criativo. No dia 25 de abril, ele lançou “RUA DE PEDRA”, primeira faixa de seu álbum de estreia, ainda em produção. A canção marca o início de uma nova fase em sua trajetória, revelando sua sensibilidade artística e consolidando seu nome como uma promissora voz da nova geração da MPB.
Ouça o single aqui embaixo:
Com exclusividade ao Conexão Magazine, PECI compartilhou curiosidades sobre sua jornada, falou sobre suas maiores inspirações, a presença da brasilidade em sua música e os desafios e descobertas no processo de criação do seu primeiro disco. Confira a entrevista na íntegra aqui embaixo:
De onde surgiu o nome artístico PECI e qual o significado por trás dessa escolha?
PECI surgiu da junção do meu nome artístico antigo que era Pedro Cine, e desde quando eu comecei eu tinha uma vontade de fazer um nome só, eu queria ser só Pedro, porque eu queria algo fácil, único, por exemplo tipo Anitta, Ludmilla, Jão, Cher. Eu pensei em Pedro, só que existem muitos. Então a ideia de Pedro foi por água abaixo, e fui pensando em várias outras possibilidades. Eu pensei muito, até que um dia me veio escrito, PECI, e eu gostei daquilo porque era diferente. E eu senti que ele era brasileiro, muita gente já me perguntou se era a junção do Peri e Cecília, que no conto são o fruto do amor e deram origem ao primeiro brasileiro mas não tem nada a ver com isso. A referência me veio porque ele rimava com Dercy, e a Dercy Gonçalves é uma pessoa que não teve medo de ser quem ela era. E eu sempre tento trazer isso, é a minha verdade.
O single “Rua de Pedra” marca o início de uma nova fase na sua carreira: é o ponto de partida para o seu primeiro álbum e faz uma homenagem à Ivete Sangalo. Como foi o processo de composição e por que a escolheu para abrir a era?
Essa música o processo de composição foi o primeiro camping de composição que fiz, reuni compositores paranaenses, e foi a primeira música que fizemos no camping, em quatro dias. Ela veio muito natural, alguém trouxe essa primeira ideia, e se eu não me engano foi a Mara, ela trouxe “Eu Gosto de tremer contigo na rua de pedra” pensando em algo cinematográfico de cidade histórica brasileira, aquelas lajotinhas de pedra. Aqui em Curitiba também tem, o Largo da Ordem, todo lugar tem, se você vai de carro fica todo se tremendo, e também aquela coisa do carnaval, vamos tremer, do chão tremer. Então a gente começou a pensar nessa cena, e desenvolver. Surgiu como uma música de amor romântico mas depois entendi que como passou um tempo e eu não estava apaixonado, eu pensei em mudar o meu jeito de cantar ela, não vou conseguir cantar se não estiver cantando algo que estou sentindo.
Então entendi que na verdade essa música não era sobre uma paixão, pode ser. Mas quando eu canto, na verdade estou celebrando as pessoas que, sem saberem fazem a gente feliz, gente que faz a gente feliz. Essa pessoa nessa música vem personificada na figura da Ivete Sangalo porque quatro dias depois que a gente escreveu, fui assistir ao show da Ivete de comemoração aos 30 anos de carreira no Maracanã no Rio, e a primeira música que ela cantou foi “Alô paixão”, foi algo assim divino. Porque eu falo “Alô paixão que brotou da terra”, e daí eu entendi, a Ivete é uma grande referência, não só na música, mas na alegria, na leveza em celebrar, eu sinto esse êxtase, e entendi que era pra pessoas como a Ivete, amigos, família, que fazem a gente querer celebrar nós mesmos, e eu quis abrir com essa música o álbum por isso. Busco transmitir para as pessoas isso, que possam celebrar quem elas são e que a verdadeira felicidade ta dentro da gente, dentro da nossa autenticidade em ser quem a gente é.

A música carrega uma mensagem forte, homenageando pessoas que nos inspiram com sua força, alegria e coragem. Além das celebridades que admira, quem são essas pessoas pra você no seu dia a dia?
Eu falei da Ivete porque ela é uma grande referência para mim, mas essas pessoas estão no nosso dia a dia, não são só celebridades, artistas incríveis, eu por exemplo tenho a minha mãe que é o amor da minha vida e que ta sempre comigo, toda a minha família, meu pai, meus avós, minhas gatinhas. E eu falo até podem ser pessoas que a gente nunca conheceu, que a gente só viu passando na rua. Esses dias uma senhora foi atravessar a rua na faixa pra pedestre e ela não parou e nisso ela olhou pra mim e pediu desculpa. Foi tão sincera a desculpa dela, aquilo me tocou tão profundamente que fez o meu dia melhor. Então pode ser gente que está do nosso lado, que a gente nunca vai conhecer, que passou e a gente sentiu.
Nas suas redes e ao longo da sua trajetória, já demonstrou seu carinho e admiração a Ney Matogrosso, uma das suas referências. De que forma o cantor influenciou a sua sonoridade e expressão artística?
É muito forte a influência dele na minha vida, porque foi o artista que me mostrou que tudo bem eu ser eu mesmo, eu sempre falo que ele não é uma referência, é um professor de liberdade, porque ele ensina a gente só por ser ele mesmo. Ele ensina a gente que não está só tudo bem, mas como é maravilhoso, você ser você mesmo, é a coisa mais bonita do mundo. Eu lembro de quando eu escutei pela primeira vez “Balada do Louco” e a minha vida mudou. Aquele cara falando para mim que louco é quem me diz e não é feliz, EU sou feliz, eu pensei poxa porque eu to perdendo tempo me preocupando com a opinião dos outros. É claro que é um processo que ainda estou passando, mas ele foi o cara que me mostrou que era possível. E tudo que eu faço, sempre tenho ele como referência nessa questão de que é incrível ser eu mesmo. Essa liberdade de a gente ser quem a gente é e a beleza disso.
A identidade visual vibrante e colorida das suas músicas conversa diretamente com a brasilidade. Como constrói essa identidade nas faixas, tanto visual quanto sonoramente?
Pois é, eu falo que moro em um país tropical e sou colorido por natureza, essa construção do colorido nas faixas vem no sentido de que, eu e Jards, o produtor, quando a gente está vendo e fazendo a música, construindo, a gente é bem desprendido das formas, dos formatos, de fazer música e juntar ritmos, e pensar na música como produto. A gente vai testando, e vai pirando, se ficar bom, ficou, se não ficou, pronto não ficou. A gente não descarta ideia, deixa a criatividade rolar tendo um norte, fazendo música pop brasileira, mas a gente não tem medo de misturar, se ficar bom a gente só vai saber fazendo.
Seu primeiro álbum está previsto para o segundo semestre. O que podemos esperar desse lançamento?
O primeiro álbum é uma loucura a gente fica ansioso, mil pensamentos, mil coisas, mas eu acho que podem esperar um álbum colorido por natureza, essencialmente brasileiro. Pra gente dançar, e se celebrar acima de tudo. Um álbum que está sendo feito com muito carinho, e pensando nisso, a gente escutar e se celebrar, não ter medo de ser a gente mesmo.