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Entrevista: Cícero Peret nos conta como foi o começo do seu desabrochar criativo, e planos futuros

Luma Garcia

Luma Garcia

16 de abril de 2022

Cícero Peret/ Reprodução: Instagram

Cícero Peret, hoje soma quase 200k em seu TikTok (@cicinnhou), e já ultrapassou a marca de 1 milhão de curtidas no aplicativo. O artista independente ganha a vida, com sua arte em potinhos, nome pelo qual deu origem ao seu user no Instagram (@meninodospotinhos). Cícero passou a consumir arte, e resolveu se arriscar e produzir com intuito de vender durante um período financeiramente difícil, e com o tempo foi adquirindo confiança, e passou a postar suas artes por incentivo de um amigo em suas redes sociais. O jovem de 21 anos, morador de Varginha (MG) sonha que não só sua arte, mas ela como um todo ganhe um espaço e reconhecimento no Brasil. Atualmente, ele é conhecido por seu trabalho e criatividade, e sonha lançar um livro, dentre muitas outras coisas legais, que nos contou com exclusividade.

Conexão Magazine: Começa contando para a gente sua relação com a arte, ela sempre teve envolvida em sua vida?

Cícero: “Sempre gostei muito de artes, mas nunca fui diretamente ligado a parte de desenhos e pinturas. Por mais que hoje eu trabalhe com isso, acredito que na minha infância e adolescência não sabia nem desenhar, meu amigos até me zoavam nas aulas de artes hahaha. Mas eu sempre admirei muito, e quando tinha 12 anos, entrei para um grupo de teatro em um projeto social na minha cidade, e nesse grupo eu me descobri ator, eu amava como ainda amo teatro, fiz algumas peças e aos meus 15 anos, era agenciado em uma agência de atores, no qual pude aprender um pouco mais, ainda com os meus 15 anos eu criei um projeto na minha escola, com intuito de passar um pouco do meu conhecimento para as pessoas que também gostavam dessa arte. E foi então, que com a ajuda de uma amiga minha, ministrávamos aulas de teatro, e foi lindo. Logo em seguida tive que mudar de cidade, deixando assim as aulas e até mesmo o teatro. Aí aos meus 17 anos, fui morar em uma república, devido a falta de oportunidade de emprego, acabei passando necessidades. Mas um certo dia eu vi um pote de palmito na cozinha e pensei em fazer algo por fora e vender, havia desenhado uma fada, postei em grupos de vendas e pela minha surpresa recebi uma encomenda, fui todo feliz levar a arte para a cliente e começou a chover muito no meio do caminho, a arte acabou desmanchando, e daí surgiu a ideia de pintar por dentro. Foram inúmeras tentativas, até que eu percebi que eu sabia pintar melhor por dentro, do que por fora. E desde então, tenho aprimorado o meu talento e me destacado por onde tenho passado. Eu costumo falar que foi a arte que me escolheu e me acolheu, sou muito grato por esse talento e pela proporção que isso está criando em minha vida e na vida de muitas pessoas.”

Conexão Magazine: Você faz um sucesso no enorme no TikTok, já são mais de 1m de curtidas. Como foi para você saber que toda essa gente te acompanhava?

Cícero: “Isso é até engraçado, porque eu não tinha dimensão do quão longe isso poderia chegar. Lembro que quando fazia TikTok, era mais por diversão, até que um amigo me falou pra eu postar um vídeo sobre a minha arte. Aí no aniversário do meu sobrinho, fiz uma luminária no pote pra ele do Scooby-Doo, pensei na oportunidade de gravar e postar, e pela minha surpresa, várias pessoas começaram a me seguir. E assim começou a surgir muitas dúvidas sobre o que eu fazia, muitos não acreditavam que eu pintava por dentro do pote, então comecei a postar e mostrar o processo, e assim fui alcançando mais pessoas, até que eu postei 2 vídeos e eles visualizaram. Em menos de 1 mês, alcancei 100k de seguidores, mas mesmo assim, a minha ficha não tinha caído, a minha ficha foi cair quando me pararam na rua pra me elogiar sobre as artes e até tiraram fotos comigo, aquele dia foi incrível pra mim, e eu pude ver o tão longe que a minha arte estava chegando.”

Conexão Magazine: De onde você pega inspirações/referências para pintar?

Cícero: “Geralmente eu recebo muitas encomendas e ideias de outros artistas, com isso eles me mandam a arte que desejam. E ai, vejo muito como um desafio pra mim, e eu gosto de desafios, quando a arte é autoral minha, digo por criação de pintura, as ideias surgem quando eu entro em contato comigo. Pegando de exemplo a arte do violão em que tem um cara em cima de uma kombi subindo em uma escada para lua, essa arte surgiu de um sonho que eu tenho por viajar o mundo em uma kombi, e a minha paixão pela lua. Recentemente lancei uma arte no pote, com uma pintura de um olho, o nome da arte é “vazio”, a inspiração dessa arte nasceu depois de um momento delicado em minha vida, tenho síndrome do impostor, e essa síndrome me fez perder inúmeras oportunidades por eu não acreditar no que eu faço, ou o sentimento de que não vai dar certo, e essa arte representa esse vazio que sinto as vezes, mas com a vontade e o sonho de fazer tudo valer a pena, por isso o olho, sempre aberto e com o sentimento de esperança.
Tenho dois artistas que me inspiram muito, Vicent Van Gogh, pela sua forma de arte e a sua vida, e Danielle Werneck, que é uma artista incrível que tenho a honra de tê-lá como amiga, a sua arte é espetacular e a forma como ela espalha a arte dela pelos lugares é lindo
.”

Conexão Magazine: Hoje, você tem independência financeira pela sua arte? como foi esse processo para conseguir?

Cícero: “Atualmente uso o meu Instagram para vender o meu trabalho como artista, mas antes dele, era uma lojinha que eu vendia outras coisas, e devido a dificuldades e falta de apoio, tive que fecha-lá. Estamos em um país que o governo não apoia os artistas, e para vender uma arte, é muito burocracia. Mas hoje eu consigo valorizar mais o meu trabalho, sabe? enviando para galerias de artes em São Paulo, e com isso, e com as vendas pelo Instagram faço uma renda que consigo me manter disso.

Conexão Magazine: Para finalizarmos, conta para gente como você se vê daqui há 10 anos, e qual o seu maior sonho?

Cícero: “Ano passado lancei um projeto que se chama “Luzes da Esperança”, esse projeto visa em selecionar uma rua do Brasil em um local muito afetado pela pandemia e fazer dela uma rua das luminárias, ajudando no turismo da região e nas pessoas que tiveram a esperança perdida pela pandemia. Fazer esse projeto acontecer é o meu maior sonho, ainda estamos em processo de arrecadamento para o projeto lá no Catarse. Essa vontade começou comigo anunciando o projeto das luminárias nas redes sociais, recebi muitos Feedbacks de pessoas que admiram o meu trabalho, e lembro de um em que um pai disse que vai ver eu nos livros de escola ainda. Isso me deu um gatilho muito bom, eu comecei a ver o impacto que isso pode trazer para as pessoas e o quanto isso pode mudar e transformar uma sociedade. Eu pretendo em breve lançar um livro ensinando um pouco as pessoas a pintar por dentro do pote, optei pelo livro e não por um curso, devido a gastos por parte do consumidor final, um livro com uma leitura simples e objetiva e com passo a passo explicando todo o processo e práticas. Passar o que eu aprendi com a arte adiante, é uma dádiva muito transformadora pra mim, que isso afete muitas pessoas e ajude elas a ver que a arte também salva, como me salvou. Então, eu me vejo daqui 10 anos, transformando uma sociedade pela arte, me vejo Feliz e com muito vontade de espalhar a magia do meu trabalho para o mundo.”

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