“O samba do combinado Ipiranga/Mooca pede passagem, mais uma vez. A rapaziada (sempre rapazes, mesmo sessentões) não descansa. Só perdeu a pressa, como diz o nome do novo álbum. É o terceiro, depois de Na Capital do Pecado, de 2007, e Subterfúgio, de 2017. Como sempre, ele traz estórias, histórias e olhares sobre a cidade, a vida na metrópole. Do Centrão às pontas mais distantes. Passeia. Vai em ônibus, sobre trilhos, ao volante. Logo cedo, ou na madrugada. Cenas do hoje ao ontem, ao anteontem. Tem romantismo, humor, picardia, crítica social. Alguma política”. Assim define o jornalista Alberto Gaspar, um dos integrantes do grupo Perímetro Urbano, o disco Perdi a Pressa, que acaba de ser lançado nas plataformas digitais.
O grupo, responsável pelas vozes e composições, é formado pelo professor, Vital Mancini, o representante comercial, Flávio Mesquita, o ex-bancário e produtor de TV, Ailton Amalfi, a artista multimídia Eduardo Climachauska, além do jornalista, Alberto Gaspar. Entre os instrumentistas desse trabalho estão Nailor Proveta (clarinete), Fabio Torres (piano), Paulo Braga (piano), Silvinho Mazzuca (baixo), Edmilson Capelupi (violões), Daniel d’Alcântara (flugelhorn), Paulo Malheiros (trombone), Olívio Filho (acordeon), Cleber Almeida (bateria), entre tantos outros. O disco de 15 faixas, tem os arranjos de Edmilson Capelupi, e as participações de Luciana Alves, Taíse Machado, Tatiana Ferraz, Roberto Seresteiro, Luís Mel e Passoca.
O repertório inclui Pendurado no cano (Ailton Amalfi e Clima), CDHU (Vital Mancini), Ingênua (Ailton Amalfi, Vital Mancini e Clima), Nos braços da canção (Vital Mancini), Bola Murcha (Ailton Amalfi e Alberto Gaspar), Long Beach (Vital Mancini), Perdi a Pressa (Ailton Amalfi, Vital Mancini e Alberto Gaspar), Cenas de um fato banal (Vital Mancini), Fui a São Bernardo e lembrei-me de ti (Ailton Amalfi e Alberto Gaspar), Verbo Sambar (Ailton Amalfi e Flávio Mesquita), Bloco dos Desvalidos (Vital Mancini), Centro Velho (Vital Mancini), No botequim com Noel (Ailton Amalfi, Vital Mancini e Flávio Mesquita), Escuro Interior do Amor (Vital Mancini e Clima) e Trilogia dos “Enta” – Crepúsculo do Jogo (Vital Mancini e Ailton Amalfi), Lei de Newton (Vital Mancini e Ailton Almalfi) e Romeu e o Diamante Azul (Flávio Mesquita).
Sobre o Perímetro Urbano
O Perímetro Urbano é um grupo formado lá no final dos anos setenta por cinco amigos de infância, Ailton Amalfi, Alberto Gaspar, Eduardo Climachauska, Flávio Mesquita e Vital Mancini que se reuniram em torno de um objetivo comum: cantar e compor sambas que falassem do dia a dia do local onde viviam, os bairros Ipiranga e Mooca. O começo foi num bar no bairro do Cambuci, que carinhosamente era chamado de “Subterfúgio”. Lá, todas as sextas-feiras, as ideias se tornavam sambas que riam das próprias vidas, venturas e desventuras amorosas.
As influências vinham de compositores como Cartola, Nelson Cavaquinho, Elton Medeiros, Paulinho da Viola, João Nogueira, passando pela forma urbana de compor da dupla João Bosco e Aldir Blanc, até os ícones paulistas como Adoniran Barbosa e Paulo Vanzolini.
Com o passar do tempo, realizavam apresentações em teatros e faculdades da cidade, e paralelamente a isto se aproximaram de um dos grandes nomes do Samba Paulista, o genial Germano Mathias. A convivência com o chamado “Catedrático do Samba” foi das mais importantes e enriquecedoras, e durante sete anos dividiram o palco com este grande artista.
Depois de vinte anos, em 2007, conseguiram lançar o primeiro CD, “Na Capital do Pecado”. Em 2017 veio segundo, “Subterfúgio”, cujos arranjos, na sonoridade e no estilo, homenagearam três grandes grupos musicais que fizeram história na música popular brasileira: Regional do Caçulinha, Época de Ouro e Nó Em Pingo D Água. Todos os trabalhos são autorais e Edmilson Capelupi assina a direção musical e os arranjos dos discos.