Do mais íntimo de suas transições, Sonja está prestes a lançar seu novo single “Mudanças”, segunda faixa do álbum autoral “Rainha de Copas”. Com fortes influências do Blues e do Soul, a cantora se inspirou em cartas de tarot e em suas últimas transformações, como entender seus relacionamentos abusivos, suas superações e a reconexão com a sua espiritualidade. Após o sucesso do primeiro single, “Calma”, a nova música e o clipe estarão disponíveis a partir do dia 30 de junho.
Além disso, o poder do feminino e a autoestima também são trazidos à tona. “Passei a vida inteira querendo ser alguém que eu não era, além de fazer coisas horríveis comigo mesma. Toda hora em todos os lugares alguém dizia que o que eu era não era bonito, legal, interessante, sexy e saudável. E eu acreditei. Quando começamos a falar de empoderamento, tive referências de pessoas como eu e percebi que esse preconceito tinha que ser reformulado urgentemente”.
Com influências sonoras de Ney Matogrosso, Rita Lee, Sharon Jones & The Dap-Kings, John Coltrane, Tim Maia, The Suffers e entre outros ícones na música, Sonja não rotula suas composições a um gênero musical específico, mas afirma que quer quebrar as barreiras do “seletivo” para as pitadas de blues. “Acredito que todos temos o blues dentro de nós. Acredito que é sim um gênero que pode alcançar as massas”.
“Mudar é constante e preciso”
Prestes a ser lançada, “Mudanças” é sobre uma das fases mais determinantes da vida da cantora. “A música fala sobre como a vida nos faz levantar da mesa de uma maneira ou de outra, quando o amor não está mais sendo servido. E o quão generoso isso é”, conta. A inspiração veio da mudança de um apartamento e consequentemente de uma fase para outra. “Passei por vários momentos difíceis naquele apartamento, mas foi lá também que passei bons tempos que se transformaram em lindas lembranças”.
“Ela vem com a mensagem de saber se levantar da mesa, saber sair daquele lugar que já está pequeno para você e deixar para trás o que não te serve. Ou deixar que a vida faça isso por você e simplesmente não lutar contra as mudanças. Mudar é constante e preciso. Ir com medo mesmo, mas ir”.
Mulher, linda e livre
Tendo como tema e inspiração para o novo álbum a espiritualidade, Sonja afirma que ela sempre esteve presente, mas se sentia distante. “Costumo dizer que quando o nosso espiritual não está bom, tudo na vida desanda. Por isso é tão importante estar conectado. É nela que encontramos coragem e o caminho”. Além disso, a cantora afirma querer criar uma conexão de empatia entre pessoas que se sentem da mesma forma.
“A mensagem que quero levar é de que eu sinto o mesmo que você e está tudo bem sentir, porque alguns caminhos importantes vem daí, quando decidimos o que fazer com isso. Além da dor, tem o amor. Tem felicidade depois da tristeza e vice versa. Tem caos e ordem. Fraqueza, mas até ela tem sua força. O medo não anula a coragem. A mensagem é para não desistirmos de nós”, afirma Sonja.
Cada vez mais empoderada, ela garante que esse processo não é tão simples. “O autoconhecimento, autoamor e empoderamento são um trabalho diário. O espelho vai continuar sendo meu pior inimigo e meu melhor amigo. Meu corpo, idem. O ódio e o amor são tão poderosos e andam de mãos dadas. Um tropeço e a gente nem percebe que caiu do lado errado dessa cerquinha invisível que separa os dois.”
Ao longo da carreira, Sonja afirma que já sofreu mais preconceito por ser mulher do que por ser gorda, mas um não anula o outro. “Me senti diminuída diversas vezes, já sofri muito com o machismo dentro do meio da música, com as mais diversas pessoas”. Já sobre ter um corpo fora do “padrão”, ela destaca ter sido vítima de estereótipos grotescos.
Em um evento, a cantora detalha que um fotógrafo a pediu para fotografá-la segurando um garçom pela gravata e uma bandeja de doces, como se fosse comer ambos. “Minha produtora me chamou e me alertou do desrespeito que eu havia sofrido. E a minha ficha caiu, me senti humilhada e envergonhada. E daí a importância de ter mulheres à nossa volta, às vezes elas se ligam por nós e nos defendem”.
Primeiros acordes
Tendo cada vez mais destaque na música, a história de Sonja com os palcos já é antiga. Ela começou a cantar aos 6 anos, quando a mãe a colocou em aulas de canto e piano. Desde então, não parou. Como uma boa rockeira teen, teve uma banda com algumas amigas. “Eu me achava muito rock’n’roll! (Risos) Foi a confirmação de que era aquilo que eu queria fazer para o resto da minha vida”.
“Todos os meus passos, devo à minha mãe que me ensinou tudo sem nem saber que estava ensinando. Que me ensinou a ser cara de pau, o que me levou a lugares maravilhosos na música”, conta a artista que, após a banda de rock, entrou para o teatro musical.
“Caí de paraquedas no teatro musical. O rock sempre me acompanhou, mas ali conheci o blues”, relembra a cantora sobre quando deu voz a “And I Am Telling You I’m Not Going”, do musical “Dreamgirls”. “Eu senti algo naquela canção, uma liberdade vocal e de expressão. E pensei: Não sei o que é isso, mas é o que eu quero!”.
Em 2016, chegou a participar do programa “The X Factor BR”, da Band, e foi aprovada nas primeiras audições com uma ousada interpretação de “Piece Of My Heart”, de Janis Joplin, que inclusive é uma de suas maiores inspirações.
Rainha de Copas
Com lançamento completo previsto para agosto, o álbum “Rainha de Copas” junta canções novas e antigas retratando a história de vida de Sonja. “No meio do caminho, fui até a minha cigana e ela abriu um jogo de tarot para mim. Nesse jogo, me disse que se eu continuasse onde estava, iria acabar comigo e não teria mais volta. Mas se eu usasse minha força para sair dali, tudo fluiria”.
Para o nome da obra, não poderia ser diferente. A cigana em questão, ao puxar uma Rainha de Copas afirmou que aquela era a representação de Sonja saindo do caos. “Então esse álbum conta essa jornada, que ela me contou no jogo de Tarot. Por isso, cada música desse álbum, é representada por uma carta do Tarot”.
Além das próprias influências, a artista cita também a parceria com Marco Lacerda, que entrou como músico, diretor, produtor musical e arranjador. Entre as referências dele, ícones como James Brown, Marvin Gaye, Willie Dixon, entre outros. Além dele, o álbum contou com a coprodução de Ygor Helbourn, também baterista da banda que a acompanha, que usou de influências como Silc Sonic, Tower of Power e The Roots na realização do álbum.
Sonhos e próximos passos
Dando passos cada vez mais sólidos na carreira, a cantora deseja conhecer o mundo através da música e fazer sua voz ser ouvida. “Tenho como objetivo cantar. Quero que minha voz chegue nas pessoas. Quer levar esses gêneros musicais menos populares, além. São bons demais, fortes demais para ser só de alguns”. A cantora também conta que sonha com vários feats. Entre eles, Liniker, “é uma das minhas maiores referências atualmente”, Ney Matogrosso e Buddy Guy.