O projeto é o primeiro documentário em que a atriz assina oficialmente como diretora e será exibido em festival de cinema de Buenos Aires
Na última quinta-feira (11), a atriz argentina Cande Vetrano, esteve na rádio Urbana Play FM, para uma entrevista. A artista, que é um dos grandes nomes do cenário da atuação no país, conversou com os apresentadores sobre seu filme-documentário “Mavita llena eres de gracia“, projeto o qual ela comemora a estreia este mês, no Buenos Aires Festival Internacional de Cine Independiente (BAFICI), com entradas já esgotadas.
Saindo da frente das telas e embarcando pela primeira vez como diretora de um documentário, Cande apresenta de forma detalhista e delicada, a incrível história da sua avó materna, Mavita. “Um dos processos mais emocionantes da minha vida”, afirma ela nas redes sociais.
“Mavita llena eres de gracia” traz sobre as tragédias que nos transformam, mas também sobre o amor e o humor como motor da existência. “Eu comecei a filmar minha avó há cinco anos atrás. Comecei a filmar com uma câmera digital que eu amava usar. Sempre soube que ela era um personagem muito particular e com o tempo ela se tornou ainda mais. Ela é como uma menina que fica maravilhada com tudo”, explica Cande.
Mavita, que passou por anos de dor e perda, vive sozinha em uma casa que parece um museu: por toda parte nessa casa, que também é um refúgio, há sinais do passado, vestígios de devoções, amores, lembranças.
“Ela mora em uma casa cheia de coisas. Minha psicóloga literalmente viu o filme e me disse ‘tem um limite porque ela mostra as coisas, ou seja, ela não é como uma acumuladora’ São como coleções, tem 90 caixinhas de música. Sua casa é como um museu, na realidade. É como um espaço sem espaço absoluto, não há lugar. Então, por enquanto parece que é um pouco acumulador, mas para cada uma dessas coisinhas, ela conta uma história. Tudo o que ela tem, ela sabe por que tem e ela conta, é uma lembrança. E geralmente tudo está relacionado ao meu avô”, completa a recém diretora.
A empatia de Candela por sua avó é inquestionável, mas seu filme sempre evita qualquer comentário açucarado que possa parecer muito relacional. Ela está bem ciente de que tem um personagem enorme habitando aquele pequeno mundo barroco, e um de seus méritos é deixá-la no centro da cena, onde a história familiar respira e lembra como ela deseja.
O avô de Cande faleceu quando Mavita tinha apenas 28 anos e 4 filhos pequenos. A tragédia aconteceu por um acidente de avião. “Ela sonha com o acidente em tempo real. O filme fala muito sobre essa tragédia, mas na realidade, o filme é sobre o que fazemos com elas, o que fazemos depois disso? E sobre como o amor e o humor podem salvar. Nesse caso, foi o que Mavita fez com sua vida”.
Como surgiu o documentário?
Quando perguntada se ela começou a gravar com o objetivo de transformar isso em algo audiovisual, ela responde: “Creio que no meu insconsciente havia algum pensamento a respeito. Sempre fui fanática pelos documentários, sempre era minha primeira opção assistir um. Eu me dei conta que minha avó era espetacular e só pegava uma câmera e ela se acendia, digo, me contava todas aquelas coisas”.
Ela ainda completa que percebeu que o compilado de conteúdos que vinha registrando de sua avó durante todos estes anos poderia se tornar algo novo após uma noite com as amigas, em que se deram conta que passaram todo o tempo assistindo aos vídeos de Mavita contando as histórias.
“Decidi fazer algo com isso e me reuni com o editor Andy Medina, que foi uma pessoa muito importante nesse processo. Com ele descobri que tinha um filme e depois saí para filmar o que precisava”, ela conta.
“A experiência na sala de edição foi de risos e lágrimas, passamos por todas as emoções, e então percebi que precisava das entrevistas com meus tios, né? Para entender o que significa ter uma mãe assim. Talvez as pessoas pensem que é um personagem muito solitário e abandonado, mas a realidade é que nós somos uma família enorme, onde ela é um personagem particular por si só”, aponta.
As entrevistas com a mãe e os tios
Além das incríveis histórias de Mavita, o documentário também é composto por emocionantes depoimentos dos 4 filhos dessa figura espetácular. A atriz conta que o mais velho tinha nove anos, sua mãe tinha sete e o mais novo tinha apenas 14 meses.
“Gravar com a minha mãe foi um grande momento da minha vida. Imaginem-se colocar uma câmera e fazer perguntas à sua mãe que uau… Estava muito nervosa, não sabia nem o que perguntar ou como perguntar”, conta a diretora. “Minha mãe tem uma visão muito boa, porque minha avó é uma personagem muito particular. É como uma avó não avó, uma mãe presente. Ela criou 4 filhos incríveis, bons, boa gente…”
As entrevistas com os tios também trazem fortes depoimentos e muita emoção. “Você nos poupou vários anos de terapia”, disseram os tios da artista para ela.
“Eu pensava nisso da tragédia, sabe? De repente você está no auge do amor com seu parceiro, comprou sua casinha, tem quatro filhos, e então essa pessoa pega um avião e você nunca mais a vê na vida, e você fica com essa imagem… Ela tinha 32 anos de idade na época, a mesma idade que tenho agora. Meu avô era bombeiro, digo, era um herói, entende? Corria corridas, era piloto. E de repente você perde o amor da sua vida, e é muito difícil. Eu chorei muito no processo, porque percebi que essas coisas não são tão simples”, declara a artista.
Confira Mavita ao vivo na rádio:
A estrela do documentário esteve ao vivo na rádio por ligação. Confira o momento em que Mavita participa da entrevista, fala sobre as gravações e carinho e cuidado da neta, e também revela suas expectativas para a estreia:
Estreia no Bafici
O documentário será exibido no Bafici nos dias 22 e 26 de abril. Com ingressos já esgotados, a atriz afirma em entrevista que está sendo um momento muito especial. “Para mim, é bastante surreal estar aqui falando sobre meu primeiro documentário e que vou estrear no Bafici”, conta Cande na Urbana Play.
Serviço:
Mavita llena eres de gracia – Bafici
Dia: 22 de abril
Horário: 19:00h
Dia: 26 de abril
Horário: 13:30h