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Rio de Janeiro emite certidões de nascimento com linguagem “Neutra”

Redação SP

Redação SP

1 de fevereiro de 2022

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Doutor Pablo Jamilk comenta os efeitos negativos do uso dessa linguagem. 

Após uma parceria entre a defensoria pública do Rio e a justiça do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, certidões de nascimento passaram a ser emitidas com o gênero “Não Binaire” ou não Binário, que indica que a pessoa que se identifica a este gênero não é nem masculina e ou feminina.  

O doutor em letras Pablo Jamilk conta que o uso da linguagem neutra, em documentos e textos oficiais é algo que prejudica diversas pessoas e segrega alguns grupos, por exemplo: uma mulher trans que luta incansavelmente para ser reconhecida como mulher, ela quer e deve ser tratada no feminino. Pessoas cegas que utilizam softwares de leitura, sofrem com o uso da linguagem “neutra”, pois esses mecanismos não reconhecem palavras como: elix, elu, todes ou todxs, além de dificultar a transcrição em braile. Isso também exclui pessoas com dislexia, autismo ou que possuam uma disfunção cognitiva associada à leitura. Outro grande problema é que essa linguagem muito usada na web e em grupos, não possui um padrão, cada um escreve da forma que acha mais legal.  

Toda e qualquer mudança a ser feita na estrutura da língua portuguesa, deve ser feita com base em diversos estudos e comprovações científicas de que ela vai ser benéfica a todos os falantes deste idioma.  

Por exemplo, a última mudança ortográfica aprovada em 2016, se iniciou em 1986, ou seja, demorou cerca de 30 anos para que alguns poucos pontos da língua fossem alterados. A mudança foi benéfica? Sim, e vem com a promessa de facilitar a escrita e unificar com outros países lusófonos, mas até hoje milhares de pessoas possuem dúvidas sobre a escrita dessas palavras que sofreram alterações, e muitos erros são cometidos por conflito de informações acerca da escrita de determinadas palavras e uso de acentuação.  

Que fique claro, que não estamos discutindo o acesso a direitos de pessoas não binárias, todos podem ser representados da forma que julgam mais interessante, mas a partir do momento que essas mudanças que querem propor na ortografia acontecem de forma aleatória e sem planejamento, pode se tornar algo catastrófico, segregando grupos ao invés de unir.  

O que acontece muito é a confusão sobre gênero biopsicossocial e gênero gramatical, a língua portuguesa já possui pronome neutro, afinal isso foi herança do latim, língua da qual o português evoluiu. Infelizmente, a forma como se ensinou durante anos fez com que os alunos acreditassem que ‘O’ é masculino e ‘A’ é feminino, entretanto isso é uma redução que se faz na escola para não ter de explicar ao cidadão que a nomenclatura deveria ser substantivo marcado em gênero (feminino) e substantivo não marcado em gênero (neutro). Comenta Pablo Jamilk. 

Essa falta de conhecimento por parte de alguns educadores, faz com que os alunos cresçam com a ideia errada de que “a” é feminino e “o” é masculino, isso é um problema de falta de conhecimento da própria língua. 

Recentemente o professor lançou o livro “Linguagem Neutra – Um Debate Necessário”, o livro traz o histórico dessa discussão, bem como diversos esclarecimentos a respeito dessa questão. Um deles, por exemplo, é que essa iniciativa não pode ser atribuída à comunidade LGBTQIA+ em sua totalidade, porque há uma grande parcela dessa comunidade que sequer aceita essa modalidade de tentativa de expressão. No livro, também se discute as bases da língua, o que é gênero gramatical, como essa discussão deve necessariamente observar o que já existe no idioma. 

 O livro apresenta também problemas capacitistas dessa iniciativa. Pablo traz o ponto de vista de quem deseja um sistema não-binário do idioma, mostrando que há idiomas não-binários que não influenciam em questões de gênero biopsicossocial. O livro se direciona a leigos, pesquisadores, professores e a qualquer um que deseje discutir o assunto em questão. 

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