A recifense Sofia Malta é cantora, compositora e atriz, e um dos nomes de destaque da nova cena musical pernambucana. Sua sonoridade é a fusão de referências culturais de Recife e do Rio de Janeiro, a cidade onde vive há quase dez anos, a artista transita pelo pop e suas vertentes, unindo suas paixões na música e no teatro, com performances que trazem uma estética fortemente teatral.
Desde a juventude a música esteve presente na sua vida, mas foi quando participou da fase regional do reality show The Voice Brasil, que Sofia veio construindo cada vez mais o seu caminho artístico, que ganhou novos contornos com o lançamento do EP Não vim no mundo pra ser pedra (2024). Seus shows transformam o palco em um espaço de dramaturgia e brincadeira com figurinos e cenários teatrais.

Finalista do reality musical TOCA Revela, Sofia chamou a atenção de nomes como Dudu Marote, Barro e Eutimyo, com quem passou a colaborar. Agora, finaliza seu primeiro álbum com participações e produções de artistas da cena contemporânea, e divulga o single “Vilã“, um pagodão baiano de letra afiada e debochada que traz o seu desejo de assumir a própria história. Sobre esse momento de processos criativos e próximos passos que Sofia Malta conversa nesta entrevista exclusiva ao Conexão Magazine.
Confira a entrevista na íntegra:
CM: “Vilã” nasce de uma experiência pessoal intensa. Como foi transformar esse fim de relacionamento e especialmente a sensação de ser colocada como a “vilã” da história em música?
Uma possibilidade de recomeço, de alguma forma. Brinco sempre que fazer uma música é também uma espécie de resolução pra muitos problemas e, pra mim, compôr vilã curou mesmo algumas dores.
CM: A letra tem uma pegada teatral, com referências a abertura de cortina e um clima de cena no palco. Em que momento você pensou que essa estética seria um bom caminho para contar essa história?
Além de cantora e compositora, eu também sou atriz, então fez todo sentido que a cena, o palco e todo esse universo fizessem parte da composição até o material visual desse single, que já começava com uma analogia entre término e roteiro, ensaio, conversa, teatro. O título da música me fez buscar automaticamente no imaginário as minhas principais referências vilanescas e todas vinham da cena mais que do mundo real, justamente porque o título é uma brincadeira/deboche com esse lugar dicotômico da ficção, que pouco leva em conta a complexidade das pessoas e das relações humanas.

CM: A produção reúne referências do pagodão baiano, brega romântico, brega funk e até do funk carioca. Como foi construir essa grande mistura sonora ao lado de Dudu Marote, Barro e Eutimyo?
Eu estava desejosa de fazer um brega romântico com uma pitada de funk e pagodao baiano e junto com Eutimyo fomos chegando em lugar próximo de alguma forma do que ela é hoje. Ela começou com mais cara só de brega romântico, foi quando mandei algumas outras referências exclusivamente de funk e pagodão baiano, foi quando entendemos como ela seria. Ela estava perto de ser lançada em 2024, mas em novembro a música foi, junto comigo, claro, finalista do primeiro reality de música do Uol, o Toca Revela. Dudu Marote era jurado do programa e Barro estava me acompanhando no baixo. A música foi tão bem aceita nos bastidores do programa – e com o público, que votou por ela – que Barro e Dudu Marote entraram na produção musical junto com Eutimyo, somando ainda mais qualidade à canção.
CM: Você menciona que, durante anos, acreditou que ser “autocentrada” era um defeito, até ressignificar essa ideia com apoio de outras mulheres. De que forma esse processo de reconciliação com sua própria narrativa influenciou o tom debochado e provocador da música?
Acho que tomar posse de alguma característica nossa, sendo positiva ou negativa aos olhos do mundo, é sempre algo muito potente. Então ficou menos amedrontador encarar os proprios defeitos, se defeitos fossem, e os julgamentos alheios também, o que quiser que pensassem, a partir do momento que tomei posse dessa narrativa como minha também. Uma história tem pelo menos dois lados. Acho que o deboche foi um recurso coerente com o sentimento, sobretudo na época que foi escrita.
CM: “Vilã” abre o seu álbum de estreia, previsto para 2026. O que essa faixa traz sobre o início do universo do disco e o que podemos esperar do trabalho?
Vilã é a faixa de estreia porque tem resume bem o que está por vir, tanto em composição quanto em sonoridade. Pode-se esperar um trabalho com faixas de letras muito marcantes, refrões chiclete e beats dançantes. São faixas diferentes, mas todas têm um pouco dessas características que vilã traz.




































