Ninguém avisou que o Natal poderia soar como protesto, até Lüttø decidir transformar um “surto criativo” num jingle punk-brasileiro de espírito nada “bonzinho”. O cantor e compositor lança o single “Bom Menino(a)”, parceria com a Banda Medit, acompanhado de um clipe que vai ao ar ao meio-dia, no YouTube do artista. O lançamento nasce de um jingle natalino desconstruído, que transforma a atmosfera festiva em crítica afiada e bem-humorada. “Você pode ser um bom menino, mas isso não é garantia de nada”, provoca Lüttø, que revisita o tema da meritocracia presente em seus trabalhos recentes.
A composição surgiu de forma impulsiva, como o que o artista chama de “surto criativo”. “Achei esse riff de Natal de ‘Jingle Bell’ e comecei a desenvolver a ideia”, conta. A partir disso, ele decidiu subverter o imaginário natalino para criar um manifesto musical que dialoga com seu repertório. “Eu sempre quis ter uma música de Natal… então, decidi fazer uma crítica ao Natal, que combina muito mais com todos os sons que lancei esse ano”, diz.
A estética do projeto ainda ganha reforço na capa assinada por Rafael Montagner, que ilustra um Krampus – criatura mitológica que acompanha São Nicolau durante a época do Natal, segundo lendas de várias regiões do mundo – vestido de Mariah Carey e cantando como Roberto Carlos. O “rei e a rainha do Natal”, como brinca Lüttø, selando o caráter irreverente do lançamento.
Parcerias
Pensada desde o início para ser uma parceria, a escolha pela Banda Medit veio naturalmente. “Quando terminei o som percebi que eles seriam a banda perfeita pra colocar uma energia bem punk rock de protesto”, afirma Lüttø, adiantando que 2026 será marcado por novas colaborações. “Muito provavelmente, nesse próximo ano, só terei músicas com convidados de peso”, adianta. A sintonia foi imediata também para a Medit, que soma com as vozes no single. “Receber o convite e levar um pouco da nossa loucura pra esse som foi demais”, conta Zan. Para Becker, a união era esperada. “Faz tempo que acompanho o Lüttø e sempre pensei nessa união… foi um encontro de almas”, completa.
A produção mistura brasilidade, estética punk e referências natalinas inusitadas. Lüttø combina bongo, cuica, apito, cowbell — elementos típicos da percussão brasileira — com sinos de tubo, o som do trenzinho natalino e uma “risada maligna” de Papai Noel, tudo conduzido por um instrumental inspirado no rock alternativo nacional. “Ficou uma referência bem forte de Planet Hemp, principalmente no baixo”, explica. Para Ju Castadelli, vocalista da Banda Medit, a experiência abriu novas camadas criativas. “Foi possível experimentar rap/trap/funk além do rock que podem aparecer em novas criações”, diz.
Encerrando um ano que o artista define como transformador, Lüttø celebra a consolidação de sua identidade musical. “Finalmente encontrei o meu lugar… esse ano eu quis fazer uma marca e acredito que consegui”, finaliza.




































