A atriz conta detalhes sobre a carreira internacional, desafios vividos, recentes trabalhos e também revela novidades para 2025
Talento, versatilidade e carisma. A atriz, modelo, diretora, roteirista e diretora, Anna Dalmei, que estampa a nova capa digital da Conexão Magazine, vem se destacando no cenário audiovisual. Natural de São Paulo, ela vem construindo uma carreira sólida tanto no Brasil quanto no exterior, tendo vivido em Nova Iorque (EUA) e Gyeongsan (Coreia do Sul), experiências que ampliaram sua visão artística e internacionalizaram seu trabalho, como também atuado em outros idiomas como sua participação no elenco de “El Regreso de mi Esposo a la Grandeza”, série em espanhol estreada recentemente.
Com atuações premiadas em diferentes países, incluindo Estados Unidos, Reino Unido e França, Anna Dalmei é um nome promissor na indústria e está com um 2025 repleto de novidades.
Desde cedo, Anna nutriu uma profunda conexão com a arte. Influenciada pelos pais, cresceu frequentando cinemas, teatros, museus e exposições, o que solidificou sua paixão pela atuação. Seu primeiro grande impacto veio ao assistir “Harry Potter e a Pedra Filosofal” aos seis anos de idade, quando decidiu que queria seguir essa carreira.
Entre seus principais trabalhos estão “The Cure” (“A Cura”), a série “Ostium” (em pós-produção), e “Horrorscope” (longa-metragem também em pós-produção), no qual também atuou como co-diretora ao lado de Marco Carlucci.
Recentemente comemorou a estreia da série “El Regreso de mi Esposo a la Grandeza”, totalmente gravada em espanhol, onde a mesma dá vida à Beatriz. A produção, dirigida por Victor Soares, está disponível na plataforma de streaming Reelshort e conta com um elenco multinacional, incluindo os atores Lisandra Cortez e Caio Paduan.
A experiência de atuar em outro idioma foi um diferencial para a atriz, que já havia trabalhado em inglês no curta-metragem “A Cura”, que ganhou Leão de Bronze em Cannes em 2024, mas estreou profissionalmente no espanhol com esse projeto.
Seu talento tem sido amplamente reconhecido no circuito de festivais. Além do Leão de Bronze em Cannes (2024), por “The Cure”, destacam-se outras conquistas como: LIFT-OFF Filmmaker Sessions 2024 pelo curta “Mute” (2023); Kuala Lumpur International Film Academy Awards 2025 pelo curta “Mute” (2023).
Para saber mais detalhes sobre a carreira da artista, confira a entrevista exclusiva:
Você tem construído uma carreira internacional, atuando em diferentes idiomas e países. Quais foram os maiores desafios e aprendizados ao trabalhar fora do Brasil?
Acredito que cada trabalho tenha seu desafio, sendo sua língua nativa ou não. O maior aprendizado que tive ao trabalhar com outros idiomas foi o ritmo de cada um deles. Cada língua é viva e possui suas peculiaridades, e é sempre interessante explorar essa partitura única e entender como isso ajuda a contar a história como um todo. Entender como funciona o ritmo é um aprendizado para trazer para qualquer projeto e qualquer processo de construção.
Hoje, construindo sua carreira e trajetória na atuação, o que você diria para a Anna de seis anos de idade?
Por mais clichê que possa parecer, diria para confiar mais nela e no trabalho que faz. Não fazemos nada sozinhos, mas muitas vezes atribuímos 100% do que conquistamos a outras pessoas e esquecemos de estender esse reconhecimento a nós mesmos. Eu sinto que falto muito com isso até hoje, mas tento me lembrar disso sempre que posso e daria esse conselho à Anna de seis anos se pudesse.
Falando sobre recentes trabalhos, como foi a experiência de gravar a série “El Regreso de mi Esposo a la Grandeza” em espanhol? Você teve que adaptar sua preparação como atriz para esse novo idioma?
Tive sim, e a experiência foi a melhor possível! Sou muito sortuda por ter tido a oportunidade de trabalhar com todo o elenco e equipe da série.
A série é vertical, e foi minha primeira vez trabalhando nesse formato. A estrutura da narrativa é bem diferente das que eu estou acostumada, então é sempre muito enriquecedor aprender como cada mídia funciona, quais são suas peculiaridades, etc.
Foi uma experiência feliz, e saí dela muito realizada e com relacionamentos profissionais e pessoais que pretendo levar para a vida!
Conta um pouco mais sobre a Beatriz? E como foi dar vida à ela?
Ela foi uma grata surpresa. A Beatriz tem uma maneira muito superficial de ver e viver a vida, e percebo que ela se inspira muito em sua mãe, tanto na maneira de agir quanto na sua visão de mundo.
Receber esse tipo de personagem é ótimo, porque te tira da zona de conforto. É muito mais interessante construir, justificar, entender e explorar a humanidade de personagens que são muito diferentes de nós, ou que, aos nossos olhos, possam ser pessoas consideradas ruins, mesquinhas, arrogantes, etc. Algo aconteceu para que aquela pessoa se tornasse daquele jeito, assim como é na vida. Um vilão não come pão com manteiga de manhã rindo maleficamente: ele realmente acha que tudo o que está fazendo é o certo, mesmo que atinja negativamente algumas pessoas.
A Beatriz é assim: ela acha que a maneira como ela age e encara a vida é a certa, pois foi o que foi ensinada desde pequena. Ela não teve tanto contato com a avó quanto sua irmã mais velha, então é claro que sua maior referência seria sua mãe e o meio onde vivem. Ela é uma menina que acha que está protegendo a irmã de ser infeliz, mas na verdade acaba ferindo as pessoas no processo, principalmente seu cunhado.
No curta-metragem “A Cura”, você atuou em inglês e o projeto foi premiado com um Leão de Bronze em Cannes. Como foi essa experiência e qual foi o impacto desse reconhecimento na sua carreira?
Acho que foi um dos projetos mais marcantes da minha carreira. A experiência foi muito positiva, e tive o prazer de atuar com artistas de vários lugares do mundo. Tivemos trocas muito ricas na preparação, e nos dias de gravação tanto equipe quanto o elenco me acolheram da melhor maneira possível.
Cannes era um sonho que esperava conquistar mais para frente na minha carreira, então fazer parte, ainda nova, de um projeto que recebeu uma honra tão grande foi muito emocionante. Lembro de receber a notícia numa noite, e não conseguia parar de chorar. Fiquei muito feliz!
O impacto foi positivo demais: sinto que as pessoas levam meu trabalho mais a sério depois desse projeto. Depois de tantos anos, fazer parte de algo tão grande foi um grato presente!
Você morou em Nova Iorque e na Coreia do Sul. Como essas experiências culturais influenciaram seu trabalho artístico e sua abordagem na atuação?
É trabalho do artista se rechear de referências culturais e artísticas. Quanto mais referências temos, melhor para nosso trabalho e para nós mesmos, como pessoas. Quando o artista se coloca em contato com outras culturas, mesmo que remotamente, abre-se um mundo novo de informações. Me sinto honrada de ter visto diferentes culturas de perto, e sou eternamente grata pelo que elas me trouxeram em retorno.
Hoje sinto que sou uma artista com um apetite maior para obras e projetos de origens diversas, e com entendimento um pouquinho maior sobre as culturas nas quais me inseri, e isso agrega demais ao meu trabalho. Atualmente, quando vejo algum filme coreano, por exemplo, entendo um pouco mais do porquê de determinados contextos sociais presentes ali.
Você tem vontade de atuar em produções coreanas ou explorar o cinema asiático de alguma forma?
Tenho muita vontade! Eu sou apaixonada pelo cinema asiático como um todo. Acho que o segundo filme de terror que vi na vida foi um filme coreano chamado “장화, 홍련” ou “Medo”, em português, e lembro que me impactou de muitas maneiras, tanto que meu gênero favorito é terror até hoje.
Acho brilhante a maneira como as histórias e as personagens são construídas, e eu amaria ver de perto uma produção. Quem sabe mais pra frente eu possa fazer parte de alguma forma?
Muitos atores brasileiros sonham com uma carreira internacional. Que conselho você daria para quem deseja seguir esse caminho?
Sinto que a indústria mundial está cada vez mais receptiva com novos artistas internacionais. Acho que o que eu gostaria que tivessem me falado antes é: tudo tem um tempo para acontecer. Sinto que muitos artistas se comparam com pessoas que já estão com carreiras internacionais consolidadas sem lembrar que muito esforço e trabalho foram colocados ali para que isso acontecesse. Não se compare, faça o seu de pouquinho em pouquinho e o resultado vem! E claro, é importante estudarmos o idioma com o qual queremos trabalhar.
Quero tomar essa oportunidade para também enaltecer nosso cinema brasileiro: somos muito ricos de grandes obras e grandes artistas, e devemos nos sentir orgulhosos. Temos tanto potencial quanto qualquer mercado, e sermos reconhecidos pelo que fazemos no nosso país talvez seja a maior honraria que poderíamos ter.
O que está vindo por aí nos próximos meses?
Acabei de sair de dois projetos de curtas-metragens independentes de grandes amigos meus, e agora estamos avaliando roteiros para próximos projetos, tanto de séries quanto de longas-metragens. Algumas novidades ainda não posso divulgar, mas estou muito animada com os próximos meses!