Lelê Azevedo, um dos novos nomes do pop brasileiro, lança o EP “Garota Errada“. O trabalho transita por diversos gêneros, como pop, rock e indie, conectando-se diretamente com a nova geração de jovens que, assim como ela, vivem o amor em todas as suas intensidades: paixão, desilusão, saudade e, no fim, o reencontro consigo mesmos.
O EP marca o início de um grande projeto e traz cinco faixas autorais: Garota Errada, Final Feliz, Amigos do Fim, Recaída e Nada de Você. Suas composições refletem sentimentos universais, explorando as experiências e dilemas emocionais que muitos jovens enfrentam em seus relacionamentos.
Quem escuta o EP na íntegra percebe uma narrativa sendo construída faixa a faixa. Tudo começa com “Garota Errada“, sobre não precisar pedir perdão por ser quem é. Em “Final Feliz“, sente-se a intensidade do início de um relacionamento. Já “Amigos do Fim” retrata a sensação de estar perdido dentro dessa relação, enquanto Recaída fala sobre momentos de fraqueza e o retorno a algo que deveria ter ficado para trás. Por fim, “Nada de Você” representa o término inevitável de uma história fadada ao fracasso, mas também a redescoberta da própria identidade.
Ouça o EP “Garota Errada” aqui:
Nesta terça-feira (1), Lelê Azevedo lançou o tão esperado videoclipe da faixa-título. O projeto foi produzido de forma independente por estudantes de Cinema, Publicidade e Design da PUC-Rio—universidade onde a cantora também estuda. O clipe ganhou vida por meio de um financiamento coletivo, com a venda de rifas, mostrando a força do apoio colaborativo na cena independente.
Quer ver o resultado? Assista ao videoclipe:
Para falar sobre o processo de produção do EP, suas inspirações, composições e aprendizados ao longo da carreira, Lelê Azevedo conversou com exclusividade com a Conexão Magazine. Confira a entrevista na íntegra:
O EP traz reflexões sobre ser a “Garota Errada” na vida de alguém, navegando entre idas e vindas de um relacionamento amoroso que não deu certo. Como foi o processo de composição das faixas?
Acho que todo mundo já passou ou vai passar por algo assim em algum momento. As músicas refletem exatamente o que senti em cada fase desse processo de superar um amor turbulento e cheio de incertezas. Algumas faixas trazem essa rebeldia e raiva do fim, outras mergulham na melancolia e aceitação. “Garota Errada”, por exemplo, é sobre não se encaixar no que esperam de você – seja pela aparência, relacionamentos ou qualquer outro motivo. É uma música que celebra quem escolhe ser fiel a si mesmo, mesmo quando isso significa ser vista como a “errada”.

Durante o trabalho, é possível perceber uma transição sonora: do pop rock com riffs marcantes de guitarra para baladas indie românticas com piano bem destacado, encerrando com uma faixa mais eletrônica e vibrante. Como você definiria a sonoridade do EP?
Eu definiria o EP como um encontro entre minha essência e minhas influências musicais. O pop rock sempre esteve na minha vida, e nesse projeto ele aparece com guitarras bem marcantes. Mas também tem um lado mais íntimo e sensível, como “Amigos do Fim”, que foi construída em cima de um piano melancólico e vulnerável. Essa faixa, inclusive, foi um grande desafio emocional e musical. Eu e o Pedro sentamos juntos para construir um arranjo que transmitisse toda a sensibilidade da letra, e foi um processo muito especial, Sem dúvidas foi a música mais íntima que já fizemos juntos até agora e é muito bom trabalhar com alguém que entende do seu coração e as nuances de sentimento que quer passar.
A divulgação do EP mostrou uma presença ainda mais forte sua nas redes sociais, com ações promocionais elaboradas. Como pensa esses conteúdos e qual é o impacto das redes na sua carreira?
As redes sociais são essenciais para qualquer artista hoje, mas para independentes como eu, elas são ainda mais importantes. Tento criar conteúdos que se conectem de forma genuína com o público, porque minha música parte desse mesmo lugar. A divulgação do EP trouxe uma estética bem definida, especialmente inspirada nos anos 90, que também aparece no clipe de “Garota Errada”. Desde desafios no TikTok até conteúdos mais pessoais no Instagram, cada ação promocional é pensada para fortalecer essa conexão e trazer as pessoas para dentro do universo do EP.

As referências do EP são artistas como Rita Lee, Olivia Rodrigo, Carol Biazin e Reneé Rapp. Se pudesse regravar uma das faixas ao lado de uma delas, qual música escolheria e por quê?
Se eu pudesse, escolheria “Garota Errada” com a Rita Lee. Infelizmente, a morte dela foi uma grande perda para a música brasileira, mas seu legado continua vivo e inspirando muitos artistas, inclusive eu. Desde pequena, lembro de ouvir Rita e pensar “uau, que poderosa”. Essa música tem muito desse espírito rebelde e autêntico que ela carregava. Já “Amigos do Fim”, eu adoraria regravar com a Carol Biazin. Ela tem uma sensibilidade incrível para trazer emoção às músicas, e essa faixa foi a mais íntima que já escrevi até agora. Construímos um arranjo de piano muito delicado e vulnerável, e acho que a voz dela traria ainda mais intensidade para essa atmosfera melancólica.
O clipe de “Garota Errada” foi produzido de forma totalmente independente por estudantes de Cinema, Publicidade e Design da PUC-Rio, sua faculdade. Como foi essa experiência?
Foi uma experiência incrível e desafiadora ao mesmo tempo. O clipe contou com uma equipe de quase 20 pessoas, entre figurino, fotografia, direção, produção, roteiro e arte. Todo mundo se dedicou muito para tirar essa ideia do papel, e o resultado foi algo que realmente traduz a essência da música. Gravamos em uma diária de 12 horas e trouxemos referências fortes dos anos 90, misturando o universo do pop rock com filmes icônicos como Sexta-feira Muito Louca e 10 Coisas que Eu Odeio em Você. Estou muito animada para que todo mundo veja o resultado!

Você compartilhou que precisou adiar o lançamento do EP e enfrentou desafios ao longo do processo. Qual foi a parte mais difícil dessa jornada e o que espera que o público absorva das suas músicas?
Sem dúvida, a parte financeira foi um dos maiores desafios. Um projeto maior exige mais investimento, então minha equipe e eu tivemos que nos reinventar várias vezes para conseguir viabilizar tudo. Além disso, questões emocionais também pesaram. Fazer arte no Brasil não é fácil, e o ritmo acelerado de trabalho às vezes exige que a gente desacelere e cuide da nossa saúde mental. No fim, o EP é sobre sentir. Seja para se acalmar, se animar ou chorar tudo o que precisar. Esse projeto fala muito sobre intimidade, não só com o outro, mas consigo mesmo. Espero que as pessoas encontrem nas minhas músicas um espaço para se identificarem, se acolherem e se permitirem viver suas emoções.