Mantendo laços estreitos com os palcos há mais de duas décadas, Vinícius Loyola tem vivido o desafio de interpretar Cazuza no musical “Ney Matogrosso – Homem com H”, em cartaz no 033 Rooftop, em São Paulo, e que celebra a vida e obra de uma das figuras mais icônicas da música brasileira. Pincelando momentos importantes da relação pessoal e profissional dos dois, o artista multitalentoso pode ser visto em cena com contornos diferentes dos já conhecidos pelo seu público, seja como ator ou cantor, e tem impressionado com a performance apresentada.
O paulistano, amante de futebol na infância e formado em Comunicação Social com habilitação em Rádio e TV, que descobriu seus talentos de forma despretensiosa ainda criança, cantava na igreja quando seu talento deu os primeiros sinais de que merecia uma atenção a mais. A música o conduziu a uma caminhada marcada por peças teatrais, musicais, por programas de televisão e até pelo lançamento de discos, com direito a repertórios autorais.
Foi ao lado de Moacyr Franco que Vinícius deu os primeiros passos profissionais como um dos cantores do Programa “Pequenos Brilhantes”, exibido no SBT, e foi questão de tempo para que as portas do teatro se abrissem e ele pudesse se ver dividindo o palco com nomes como Suely Franco, Vanessa Gerbelli, Ewerton de Castro, Carmo Dalla Vecchia, e sob a condução de diretores renomados como Vladimir Capella, Roberto Talma, Walcyr Carrasco e Zé Renato.
Sua grande estreia nos musicais veio em 2001, com “A Luta Secreta de Maria da Encarnação”, escrito por Gianfrancesco Guarnieri, o primeiro de uma série de outros trabalhos que destaca, a exemplo de “Lado B ou mudaram as estações”, “Viagem ao faz de conta”, “Sítio do Pica-Pau Amarelo”, “Avoar”, “Aroma do Tempo”, “A Sessão da Tarde ou Você não soube me amar”, “Aparecida – O Musical”, incluindo o primeiro título Broadway, “Mamma Mia”, e o primeiro biográfico, “Silvio Santos Vem Aí”, onde deu vida a Sérgio Mallandro e Gugu Liberato.
Emendando trabalhos, ele retorna ao universo das produções que celebram o legado de grandes personalidades brasileiras, e adere ao estilo pop-rock representado pelos óculos escuros, regatas e bandanas daquele que eternizou sucessos como “Exagerado”, “Blues da Piedade” e “O Tempo Não Pára”, que não ficam de fora do repertório do espetáculo, se tornando pontos altos do segundo ato.
“Quando soube do espetáculo do Ney eu não sabia do que iria tratar, mas imaginei que não seria possível falar de Ney sem falar de Cazuza. As vidas deles se entrelaçam no amor, na amizade e na arte. E apesar do papel ser uma grande alegria, ele também é um desafio enorme, afinal, um personagem com essa força, conhecido do público, é sempre mais difícil de executar. As pessoas esperam a fala, a voz, o gesto idênticos. Por isso foquei sempre em buscar a energia dele para a construção do que eu iria fazer. Me preparei vendo vídeos, observando o gestual, os trejeitos da fala do Caju, ouvindo as músicas para pegar as entonações”, conta ele, que apesar de se considerar bastante diferente do artista na vida real, compartilha da mesma maneira de encarar a arte, sobre dizer e cantar aquilo que o representa de forma natural.