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Hugo Casarini aborda orientação sexual no romance “Sem fim

Redação CM

Redação CM

4 de novembro de 2021

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Os livros eternizam a vida e as experiências de indivíduos, mostrando muitas vezes os avanços da sociedade em que vivemos. Ao longo do tempo, as narrativas LGBTQIA + têm ganhado mais destaques com as mudanças culturais e mentalidade que dão espaço para a diversidade se manifestar. E é justamente sobre essa mudança de chave que trata “Sem Fim”, o romance de estreia do escritor mineiro Hugo Casarini.

O romance narra a trajetória de h, personagem que cresceu nas décadas de 80 e 90, entre o interior de Minas Gerais e a capital paulista, experimentando as descobertas e frustrações de uma época marcada por um hedonismo dilacerado. A escrita do autor confere dimensão ao mesmo tempo corriqueira e trágica a h. É a história de um jovem brasileiro que descobre sua orientação sexual como um espaço de libertação na vida intelectual e que luta para ser aceito por familiares e amigos. Entre a ficção e a autobiografia, Sem fim é uma autoficção tragicômica. 

O protagonista é levado por seus próprios ímpetos, ao reconhecer que sua homossexualidade e seu comportamento intelectual, refinado e intimista, não ganham reconhecimento ou chancela no meio em que vive. O pai é severo e o castiga com surras violentas e palavras ameaçadoras. A mãe aceita a autoridade paterna e provoca ressentimento e pena no filho. Felizmente o protagonista encontra em uma prima e no tio alguma interlocução. É a mudança da “roça iluminada” para a cidade de São Paulo que faz o personagem finalmente encontrar um meio que o acolha. Mas a vida boêmia nos clubes noturnos também reserva surpresas difíceis. O personagem se apaixona por um rapaz que tem um namorado, já bastante doente. E não demora a descobrir que ele também está ameaçado de contrair a doença. 

Depois de uma passagem por Londres, ele retorna a São Paulo, onde viverá momentos de reconciliação com amigos e colegas e tentará manter a saúde mental e física capaz de lhe devolver o amor pela música, pelas letras e pelas artes. Como escreve Maria Rita Kehl no prefácio ao livro, Hugo Casarini escreve esta autoficção como quem quer elaborar a incompreensível esquisitice das pessoas que deveriam se querer bem, mas se detestam. […] A escrita, para os sobreviventes das famílias infelizes, faz função da frágil jangada onde se agarra o náufrago em alto mar. Se tiver sorte, as correntezas vão depositá-lo num porto, numa ilha. Na escrita e na vida, Hugo Casarini encontrou seu porto nas amizades, e, sobretudo, no amor.”

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