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Janeiro Branco: livro de poesia convida ao autocuidado e autora exalta a escrita como benefício para a saúde mental

Redação CM

Redação CM

11 de janeiro de 2023

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A escritora paulista Caroline Maciel Pereira (@poesiapersonalizada) rascunhou seus primeiros versos ainda adolescente, com 14 anos. Na época, as pessoas ao redor dela percebiam o talento que despontava e já reconheciam na jovem a vocação para emocionar por meio das palavras. O tempo proporcionou a autora maturidade para resgatar aqueles escritos, reescrever alguns, lapidar outros, descartar o que não cabia mais e ainda escrever novos poemas sobre temas que a envolvem na vida adulta. 

Esse compilado de experiências traduzidas em forma de textos, repletos de passado, presente e perspectivas de futuro, é o que Caroline traz em seu primeiro livro solo “Celebre a poesia que existe em você”, lançado pela editora Skoobooks (@skoobooks.livros) . Os 27 poemas presentes na obra têm como fio condutor os temas: Eu, o Outro e Deus. Não há uma separação definida ou mesmo assinalada no livro entre as três temáticas, para o leitor os assuntos preponderantes poderão aparecer enlaçados e ultrapassam os limites entre um tema e o outro, propiciando interpretações múltiplas. 

Os versos criados por Caroline Maciel Pereira evidenciam uma profundidade emocional alcançada pela autora nos últimos 10 anos. O período foi marcado pelo acompanhamento constante com psicólogos e psiquiatras. Longe de tentar esconder ou se desvencilhar de revelar que passa por esses tratamentos, a escritora assume a busca ativa pela saúde mental e celebra o renascimento depois da dor provocada pelos processos de fala, escuta e elaboração presentes na terapia. A escrita tornou-se também parte da reestruturação interna. O trabalho árduo de cavucar emoções e revelar-se é expresso em alguns de seus versos. Em “Liberdade Interior”, entoa: “(…) o nosso lado sombrio não nos torna menos plenos. / Porque não somos metades, somos inteiros”. 

Ao fim, a percepção que ecoa da escrita de Caroline é a capacidade de produzir emoção a partir das rimas. O sumo dos poemas, segundo a autora, é o autoconhecimento advindo da escrita. A leitura atenta também evoca o mesmo caminho. Ao adentrar pelo universo de versos criados pela escritora, há a possibilidade do leitor de tatear o próprio mundo interno e desvendar um pouco mais de si mesmo

Com a publicação da obra, a autora também honra os olhares e palavras gentis e generosas que recebeu de familiares, amigos, colegas e professores quando iniciou, ainda jovem, essa caminhada no universo literário. Caroline, moradora de Santana de Parnaíba, interior de São Paulo, seguiu a trilha das palavras e se formou em jornalismo. A vocação para costurar rimas e despertar emoções é empregada atualmente também no cotidiano da poetisa. Hoje, com 30 anos, ela empreende na área cultural com a página @poesiapersonalizada, em que cria sob encomenda textos singulares e potentes. Caroline também assume o papel de agente cultural no município, conduzindo oficinas literárias, palestras e saraus.  

Entre Mel Duarte e Cecília Meireles, a palavra abre caminhos

A poesia de Caroline é também um convite à potência da voz para exaltar cada palavra escrita. Ao recitar os versos o impacto causado amplifica a mensagem compartilhada. A escritora entende essa dimensão que a declamação pode dar à poesia. O TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) da autora na faculdade de jornalismo foi sobre a Poesia Contemporânea de São Paulo, um movimento original, potente e criativo de batalhas de rimas e recital de textos inéditos de composição própria. 

Um dos expoentes desse universo é Mel Duarte, artista que se destacou no slam (competição de rimas), e uma das influências da autora na literatura. Junta-se a ela o poeta e cordelista Bráulio Bessa, nordestino, do Ceará, que ganhou espaço na TV aberta recitando seus versos com emoção e desenvoltura. Ainda entre as inspirações de Caroline habita Cecília Meireles. Da poetisa carioca a escritora paulista recorda, em especial, o livro “Ou isto ou aquilo”, clássico da literatura brasileira, que Caroline acessou ainda criança. Ali foi semeada o que brotaria anos mais tarde: uma autora com escrita forte, potente, e ao mesmo tempo sensível e terna. 

Uma escrita que se faz ainda mais imponente quando encontra corações abertos e encantados, como a autora mesmo define seu trabalho: “Meu olhar encontra o olhar dos ouvintes. Poesia e alma. Olho novamente, ao recitar a última palavra. Lágrimas caem. Pessoas são tocadas. Falam que precisavam ouvir o que eu disse e perguntam se podem enviar o texto para outra pessoa, porque ela precisa ouvir também. São momentos como esses que me fazem ter a certeza de que a palavra abre caminhos.”

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