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Capa Digital | Palhastônicos | Ed. 64

Redação CM

Redação CM

3 de abril de 2025

Foto de capa: Mari Rocha

Uma conversa com os Palhastônicos. Quem são? Do que vivem? Confira agora

É sempre muito gratificante ver pessoas fazendo o que amam e essa é a realidade do grupo Palhastônicos, que estampa a nova capa digital da Conexão Magazine. A trupe, que surgiu em Petrópolis – RJ, está aos poucos galgando seu espaço no mundo, ou ao menos no Brasil. Graças ao Edital de Chamamento de Cultura SESI São Paulo – VIAGEM TEATRAL, isso está sendo possível.

A turnê, Velho Circo, Novo Mundo, está prestes a estrear em São Paulo, no próximo dia 05 e os artistas conseguiram tirar um tempinho para conversar com a Conexão Magazine sobre o início da realização de um sonho e onde tudo começou. Confira o nosso papo:

Como vocês descreveriam a importância desse projeto?

Esse espetáculo, VELHO CIRCO, NOVO MUNDO, é muito importante pra nós. É o primeiro com a formação completa, desde que o Dalus se juntou à trupe. Nasce de um processo em que tivemos um tempo um pouco mais alargado para criar e pudemos trazer à equipe, Renata Alves, que cuidou do figurino e cenário, com auxílio do Madson, com uma dedicação e delicadeza que realmente deram vida aos nossos sonhos antigos e novos. Ter esse espetáculo é uma graça e circular com ele é o que mantém vivo o trabalho. 

Além disso, vibramos com a possibilidade de levar esse trabalho para fora do nosso estado, pela primeira vez, com a possibilidade de interação em outros espaços, outros públicos. 

Vocês se lembram quando se apaixonaram pela palhaçaria?

Madson: pessoalmente, na realidade, me apaixonei pelo trabalho da palhaçaria desde quando comecei a atuar como palhaço e, aos poucos, fui percebendo/sentindo todo o amplo universo que o mesmo abarca, ampliando nossa percepção de ser, estar e se relacionar; 

Dalus: me apaixonei por ser palhaço, fazendo. Léo já tinha me dito que era viciante e, realmente: quando se está em cena, nesse estado, jogando com o público, com os parceiros, é apaixonante. Experimentar a liberdade de ser você mesmo, em tudo dilatado, para riso e deleite de todos;

Andressa: nunca me passou pela cabeça ser palhaça; cantora, atriz, dramaturga, sim, mas palhaça… eu demorei muito até ver uma em cena e acho que, mesmo assim, ainda iria achar que estava muito distante de mim. O que é uma loucura, por que a palhaça está muito perto! Vem de dentro, por isso não é uma personagem. Há escolas em que a formação de ator/atriz passa pela técnica de palhaço/a. Isso faz muito sentido, porque na profissão, e na vida, a gente lida em muitos momentos com o fracasso. A palhaça é a figura que fracassa, profissionalmente. Aprender isso é muito útil. Além do mais, a escuta, a abertura, a presença e o prazer, que se experimenta em cena, ficam evidentes, e são necessários pra um bom trabalho artístico, qualquer que seja. De certo modo, necessários na vida. Claro que não dá pra ser palhaça toda hora, mas reconhecer essa dimensão em si mesma traz uma leveza e uma potência que areja a nossa vida. Acho que sou melhor atriz, melhor pessoa, melhor mãe do que seria se não fosse palhaça;

Léo: quando estou de palhaço esqueço de todo o resto, só me importa o momento presente, esse é o meu lugar! Sempre me senti à vontade em ser o bobo da família, provocar o riso me apetece desde muito cedo. Quando soube que isso podia ser profissão, descobri o segredo da vida!

Se não fossem artistas, o que gostariam de ser?

Se não fôssemos artistas, seríamos herdeiros pra ser artistas só por hobby! Na verdade, não é tão difícil pensar em outros caminhos porque muitas vezes eles são a realidade de um momento ou, ainda hoje, em paralelo. Dificilmente a carreira de artista se dá linearmente. Embora a arte seja uma parte essencial da nossa vida, os meios que fomentam a formação desde a infância e as possibilidades de atuação, no nosso país, ainda são bem limitados.

Na trajetória de cada pessoa, entre sorte e vontade, vamos tentando nos manter artistas, pois no fundo, é o que somos. Mas a vida tem suas demandas e seus boletos! Durante a pandemia, por exemplo,  Léo trabalhou na área de marcenaria (o que lhe deu uma boa base pra cenografia e também pra fazer a cozinha da casa de Andressa!), também é formado em marketing e pedagogia, já teve empresa de eventos, já vendeu suco e sanduíche na rua. Dalus já deu aula e até hoje trabalha, junto com o pai, fazendo pães artesanais. Madson chegou a pensar em ser jogador de futebol, já atuou como educador ligado aos direitos humanos e segue trabalhando como arte-educador. Andressa se formou e fez mestrado na área da psicologia, trabalhou na clínica, deu algumas aulas e, volta e meia, embala pão.

Quais outros lugares gostariam de se apresentar?

Pelos quatro cantos do Brasil, sempre priorizando recantos onde se faz possível acessarmos um público que tem menos oportunidade de acesso aos bens artísticos e culturais.

Uma palavra que define a arte para cada um de vocês.

Vida / Encontro / Graça / Manifestação 

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